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sábado, fevereiro 26, 2005

 

180 - Dois Inquéritos de circunstância

Arquivo por aqui dois inquéritos de circunstância, daquelas brincadeiras que a comunicação social tanto gosta de fazer para encher as suas páginas.
- Um, publicado hoje (26.02.2005), na revista Grande Reportagem;
- Outro, já antigo, publicado no suplemento MilFolhas do diário Público, em 20.03.2003;
Formulário da revista GRANDE REPORTAGEM:

Sempre que posso...
[Nelson de Matos] …procuro não responder a estes inquéritos.

Um defeito que eu tenho é...
[Nelson de Matos] …praticar uma forma de humor negro e pela negativa a que os meus amigos quase sempre reagem mal. Eu próprio reconheço que provoco com isso alguma conflitualidade…

Desconfio que a minha maior qualidade é...
[Nelson de Matos] … a força e a determinação – tu não tens força para a força que tens, dizia amiúde a minha amiga Maria Velho da Costa…

Tenho a mania de...
[Nelson de Matos] …que consegui ser um bom Editor, que fiz bem esse trabalho. Durante alguns anos cheguei mesmo a ser o editor e proprietário da Grande Reportagem, que consegui fazer reviver... – lembram-se ?

O maior erro da minha vida foi...
[Nelson de Matos] …confiar demasiado em alguma gente que se disse minha amiga…

Gostava de ser parecido com...
[Nelson de Matos] … o Bogart, na perspectiva de início daquela bela amizade…

Mandasse eu no mundo e...
[Nelson de Matos] … eu ? sozinho ? odeio ditaduras… sejam elas quais forem…

Tenho-me esquecido de...
[Nelson de Matos] … às vezes… dar aos amigos verdadeiros tudo o que julgo que merecem…

Temo bem que...
[Nelson de Matos] … tenha sido injusto mais vezes do que aquelas que imagino…

Gostaria de ter coragem para...
[Nelson de Matos] … tenho normalmente… acho que a coragem, felizmente, nunca me faltou…

Já não há pachorra para...
[Nelson de Matos] …pedantes e fala-baratos, traidores e mentirosos, aldrabões e vigaristas dos sentimentos…

Se há coisa que me enfurece...
[Nelson de Matos] …é um mentiroso dos sentimentos. Aquele tipo que nos põe o braço por cima sem que isso signifique nada…

Não consigo mesmo resistir a...
[Nelson de Matos] …a uma meiguice, um sorriso de ternura ou uma brincadeira dos meus netos…

Fico embaraçado sempre que...
[Nelson de Matos] … me fazem elogios que eu acho que não mereço inteiramente…

Comovo-me facilmente quando...
[Nelson de Matos] … fico diante da generosidade de carácter

Desato a rir quando...
[Nelson de Matos] … me tentam enganar como se eu fosse um tolo…

A maior alegria que me podiam dar era...
[Nelson de Matos] … era só a vida eterna; deixar-me ficar esquecido, ao sol, diante do mar...
E agora as perguntas do MilFolhas do Público, em 2003:
Qual foi o último livro que leu?
Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo, o novo romance, ainda não publicado, deAntónio Lobo Antunes.
O último que abandonou a meio?
A meio?!!! Logo ao fim das primeiras 5 linhas... Não digo o nome, sou uma pessoa educada. Um jovem candidato a escritor que visivelmente considerava não ser necessário saber manejar os seus instrumentos de trabalho.
E o último que ofereceu?
Ofereço muitos, todas as semanas. Aos críticos, jornalistas literários, instituições, ministros, presidentes de câmaras, responsáveis por bibliotecas, etc. Certamente deitam-nos fora porque nunca me falam deles. Sequer, delicadamente, para acusar a recepção destas ofertas - que outros leitores teriam gosto certamente em receber.
Lê vários ao mesmo tempo?
Que remédio... nesta profissão, que é que eu hei-de fazer? Sou pago para isso.
Como é que arruma os seus livros?
Em cima da mesa, abertos, na página que estou a ler, uns em cima dos outros; em pilhas, no chão, à espera que lhes pegue; em casa; no escritório; por todos os lados.
Tem mais ficção, poesia, ensaio...?
A ficção, actualmente, bate todos os recordes. Não há quem não queira escrever um romance. Se (verdadeiramente) imaginassem o trabalho que dá, desistiriam com certeza. É pena que na maior parte dos casos lhes falte precisamente isso: o trabalho.
Onde é que prefere ler (cama, café, praia, etc.)?
À mesa, de lápis na mão, mesmo que não o use. Na praia não daria certamente muito jeito, por causa do vento e das folhas a voar. Cafés, já não há, ou eu já não tenho idade para isso. Na cama procuro fazer outras coisas. Descansar, por exemplo.
Que livro gostaria de ver traduzido em Portugal?
O último que pedi para me ser traduzido: Vivir para Contarla, do mestre Garcia Marquez. Tamanha beleza da escrita comove-nos permanentemente, para além das histórias fantásticas que nos conta.
Sublinha os livros, escreve nas margens, usa marcadores?
Tudo isso. Risco, escrevo, anoto, aponto, não tenho respeito nenhum. Agora inventaram uns óptimos post-its, pequenos, onde também se pode escrever, para além de marcar as páginas que se quer destacar.
Consegue escolher o livro da sua vida?
Com dificuldade. Talvez o Quixote de Cervantes, talvez o Proust, todo ou quase todo. Entre os portugueses e contemporâneos, para tornar a resposta mais fácil e menos pedante, toda a poesia de Ruy Belo e a Alegria Breve de Vergílio Ferreira.
Ah, é verdade, já me esquecia, e os Wuthering Heights, da Emily Bronte. Uma verdadeira catedral do romantismo. Por isso, também, tentei promover uma tradução adequada.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

 

179 - CESÁRIO VERDE

No dia em que se completam 150 anos do nascimento do
Poeta.

Bom trabalho do diário Público
de hoje.

Mas também têm aqui
excelente informação
.


quarta-feira, fevereiro 23, 2005

 

178 - Guillermo Cabrera Infante


Morreu ontem em Londres Guillermo Cabrera Infante, aos 75 anos, vitima das consequências de um vulgar acidente doméstico.

Reparo que, para além da admiração pela sua obra, a ele me ligam alguns pormenores biográficos.
"Três Tristes Tigres", um dos seus romances mais importante e inovador, foi publicado por mim, na Arcádia, no início dos anos 70 - já não recordo exactamente a data. Creio que foi o seu primeiro livro publicado em Portugal. Tradução excelente de Teixeira de Aguilar (que por essa altura traduzia os mais importantes sul-americanos, Garcia Marquez, Vargas Llosa, etc.), design e capa de Luis Duran.

Foi o primeiro livro da minha vida de editor... claro que não foi grande sucesso por essa altura, mas não me arrependo da decisão.

Continuei depois a publicar Cabrera Infante na Dom Quixote, "Mea Cuba", "La Habana para un Infante Defunto", "É Tudo um Jogo de Espelhos", a reedição dos "Tigres...", etc.



segunda-feira, fevereiro 21, 2005

 

177 - MANUEL GUSMÃO

O Prémio Vergilio Ferreira de Literatura, instituído pela Universidade de Évora, foi este ano atribuído à obra poética de Manuel Gusmão.
Gosto muito do Manel, desde há muitos anos. E para além de gostar dele tenho por ele o maior respeito pessoal e intelectual. Tudo o que pensa ou escreve me foi sempre estimulante motivo de reflexão. A sua actividade crítica e ensaistica, quando a exercia regularmente (lembro a revista Crítica, fundada e dirigida por Eduarda Dionísio), a sua poesia, a intervenção cívica, etc.
Fiquei contente por lhe ter sido atribuído mais este prémio e escrevi-lhe a felicitá-lo.
Respondeu-me com esta mensagem que é simultaneamente um documento interessante. Julgo que não cometerei nenhuma inconfidência ao deixá-la aqui arquivada.

 

176 - THE DAY AFTER

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"Conseguimos..." - disse José Socrates aos militantes do Partido Socialista presentes no Hotel Altis na noite das eleições.
"Conseguimos..." - repetiu, ainda antes dos aplausos.
Compreende-se e justifica-se a felicidade e a alegria.
Mas é tremenda e assustadora esta responsabilidade...

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

 

175 - FECHADOS PARA REFLEXÃO


Vamos entrar em período de reflexão - bem precisamos, o momento é decisivo.
Mas têm razão os comentadores políticos que li e ouvi hoje, pela manhã. Receio que se tenha perdido a oportunidade de explicar às pessoas, com realismo e com rigor, o que de facto é necessário para irmos em frente e melhorarmos a nossa situação.
Os Partidos não arriscaram perder votos nem apoios. Não arriscaram dizer a verdade, portanto. Não arriscaram a frontalidade e a clareza. Usaram as meias verdades, as explicações sinuosas, um discurso colorido mas nebuloso, pontuado de silêncios, de frases em branco.
Espero que não se arrependam... mais tarde, quando tiverem mesmo que explicar às pessoas o que será necessário fazer.
Espero que o saibam fazer sem perder apoios.
Sobretudo o Partido Socialista, que terá certamente outras responsabilidades.

 

174 - Zita Seabra sai da Bertrand

Notícia conhecida desde há muito mas que o diário Público só ontem publicou.
Aqui se regista.


 

173 - NOTÍCIAS DAS EDIÇÕES AMBAR

No Diário de Notícias de 16.02.05.


 

172 - CORRENTES D' ESCRITAS

Mais uma vez, a sexta, um ano mais, decorrem na Póvoa de Varzim as Correntes D' Escritas.
Uma organização sob a responsabilidade da Câmara local, o entusiasmo e o apoio do seu Vereador da Cultura, Luis Diamantino, a eficiente organização de uma equipa coordenada por Manuela Ribeiro.
Pena não haver um site autónomo para se poder fazer um link mais directo e com maior facilidade de movimentação.
Fica aqui o da própria Câmara Municipal, e também este, para quem os quiser explorar com alguma paciência.
Romancistas, poetas, ensaistas, editores, tradutores, jornalistas, professores universitários; portugueses, brasileiros, espanhóis, sul americanos, africanos, um largo encontro de diversas sensibilidades, universos literários e culturais.
Um prémio literário: este ano atribuído ao poeta António Franco Alexandre e ao seu livro "Duende".
Uma revista, editada todos os anos, propositamente para a ocasião.
E a Póvoa, cidade linda, cada vez mais cuidada e mais moderna.
E o interesse e atenção do público, dos professores, das escolas, enchendo o espaço do Auditório Municipal.
Um acontecimento.
Vale a pena destacar a iniciativa e continuar a sublinhar a sua importância, a ver se outros Municípios seguem o exemplo, desta mesma maneira ou de outra.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

 

171 - MARCELO, COMENTADOR ISENTO

«Se não entrasse na campanha, morria», disse Marcelo Rebelo de Sousa, ontem, na Marinha Grande.
Caso obtenha a maioria absoluta, José Sócrates será comparado «àquele indivíduo que compra a cautela para calar o cauteleiro e sai-lhe a sorte grande».
Para Marcelo Rebelo de Sousa, José Sócrates é «um júnior da equipa» de António Guterres que conseguiu chegar a «capitão» devido às «ausências das segundas, terceiras e quartas linhas» do antigo primeiro-ministro socialista.
Não está mal, para anúncio da isenção do novo comentador da RTP...
Vejamos o que mais nos espera.

domingo, fevereiro 13, 2005

 

170 - ARQUIVO FOTOGRÁFICO, 1


Verão de 1968, Fontanelas, casa de Vergílio Ferreira, da esquerda para a direita, Vergílio Ferreira, Serafim Ferreira, Eduardo Lourenço, eu, António Ramos Rosa.

 

169 - PORTUGAL A CANTAR...

Talvez não se consiga ler bem dadas as dimensões da foto. Mas o que está escrito na caixa de carga da camioneta é:
NELSON MATOS - MÚSICA DE BAILE.
Foram a Inês Pedrosa e o Fernando Pinto do Amaral quem se cruzou na estrada com este meu novo e original meio de ganhar a vida: levar a música de baile de terra em terra, pôr Portugal a dançar. Enviaram-me logo o comprovativo... a crise vai dando origem a estas coisas...


sexta-feira, fevereiro 11, 2005

 

168 - CASO FREEPORT DE ALCOCHETE


Repare-se nesta notícia que obtenho por copy and paste do Público online.
No título e na abertura da notícia:
CASO FREEPORT
Processo alegadamente envolve o líder do PS

Paulo Portas não comenta caso Freeport de Alcochete (11/02 16:18)
O líder do CDS-PP, Paulo Portas, recusou-se hoje a comentar a alegada investigação da Polícia Judiciária a José Sócrates, por "respeito ao Estado de Direito", sublinhando que o CDS "faz uma campanha de causas e não de casos".
No último parágrafo:
Hoje, a Procuradoria-Geral da República esclareceu que, até ao momento, não existe nenhuma suspeita de ilícito criminal por parte do líder do PS, José Sócrates, em relação ao "caso Freeport".
Lamentável, não há dúvida. Na mesma notícia, no mesmo texto. Verdadeiramente inacreditável.
Vive-se uma campanha diária de mentiras e invencionices, com os políticos de mãos dadas com a comunicação social (sem excepções, como se vê), cada um deles a ver quem espreme mais e melhor cada invenção. Os primeiros, tentam provocar a confusão que consideram ser-lhes favorável; os outros tentam vender mais uns exemplares, mesmo que à custa do obscurantismo que provocam.
Desgraçadamente, vivemos hoje rodeados pelas "agendas" dos políticos e da comunicação social - qual delas a pior, qual delas a de mais baixo nível.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

 

167 - Entrevista ao JN - Porto 16.12.2004

Creio que esta entrevista reteve com exactidão o meu plano de trabalho futuro.
Qualidade do trabalho de Sérgio Almeida, evidentemente.
Por isso aqui a deixo, embora com algum atraso sobre a sua data de publicação.

Entusiasmado com projecto editorial da Ambar, Nelson de Matos elege a literatura portuguesa e ensaios como maiores apostas. Antigo editor das Publicações Dom Quixote aponta 2006 como ano da mudança.
Entrevista de Sérgio Almeida

Durante mais de duas décadas, foi um nome indissociável das Publicações Dom Quixote, construindo o mais relevante catálogo de autores nacionais. Consumada a saída pouco pacífica da editora, agora detida pelo poderoso grupo espanhol Planeta, Nelson de Matos abraçou um novo projecto na direcção da Ambar, quando já poucos julgavam possível.
O desafio é grande. "Está quase tudo por fazer", sublinha o carismático editor, que elege a liberdade editorial ao seu dispor como o factor decisivo para ter respondido favoravelmente ao convite.
"As alterações que tenciono introduzir não serão visíveis no imediato, porque há uma série de compromissos já estabelecidos para o próximo ano. Por isso, 2006 será, em princípio, o ano da mudança", diz.
Criar uma continuidade na linha editorial da Ambar é o objectivo que tem em mente, embora reconheça que "a literatura não é o principal segmento de negócio da empresa portuense, mas antes uma afirmação da sua imagem".
A forte amizade que o une a alguns dos principais romancistas portugueses contemporâneos - de António Lobo Antunes a Lídia Jorge e Inês Pedrosa - logo fez levantar a hipótese de vários dos actuais pesos-pesados da literatura poderem vincular-se à Ambar. Avesso a polémicas, Nélson de Matos recusa-se a falar em nomes, mas adianta que "irei dar aos autores portugueses um espaço determinante".
A aposta não irá passar forçosamente pelos consagrados, já que o editor, fiel aos seus princípios, está empenhado "na descoberta de novos autores". Mas a possibilidade de vir a trabalhar novamente com autores que lhe dizem bastante, em termos literários e pessoais, mantém-se. "Se desenvolvermos um trabalho eficaz, é possível que um ou mais romancistas consagrados se sintam seduzidos a trabalhar connosco", afirma.
As relações de afecto construídas com os autores não surpreendem, se constatarmos que, para Nélson de Matos, "a tarefa do editor não se resume à edição de livros". Com a despersonalização crescente do meio, cada vez menos propenso a contactos pessoais, diz ter noção que "pertenço a uma escola de editores em via de extinção", mas considera "inevitáveis as mudanças registadas".
Além da literatura, Nélson de Matos planeia ainda devotar grande atenção à área do ensaio: "Das universidades às empresas, é possível dar voz a um grande número de especialistas, porque há um défice de publicações nessa vertente".
"Os autores portugueses vão ter um papel determinante no catálogo da Ambar"

terça-feira, fevereiro 08, 2005

 

166 - BRÉTEMAS

Saúdo o meu amigo e editor Manuel Bragado, das Edicións Xerais de Galicia, e o seu blogue BRÉTEMAS.
Vale a pena acompanhá-lo com atenção.
Manolo junta às suas reflexões sobre o trabalho da edição, sobre os livros e sobre os seus autores, a sua fina sensibilidade sobre todas as questões relacionadas com a sua Galiza natal.
Um editor à antiga, daqueles em "vias de extinção", como se diz desde há uns anos.
Um editor que, acima de tudo, conserva essa relação fundamental e insubstituível com a cultura, os livros e os seus autores. E com a sua língua materna, também, evidentemente.
Recomendo vivamente. Em galego.

sábado, fevereiro 05, 2005

 

165 - SOCRATES e SANTANA na TV

"Debate evita economia" - é o título de primeira página do Jornal de Negócios de ontem, 4 de Fevereiro.
Evita a economia ?!!!?.
Evita a economia, a educação, a saúde, as relações internacionais, a cultura, a Europa, o Mundo, o Iraque, os USA, não se ouviu uma palavra sobre o pacto de estabilidade e crescimento, sobre o futuro da língua portuguesa, eu sei lá.
Foi o mais pobre, decepcionante e superficial dos debates a que já assisti.
Ninguém sabe o que dizer, ninguém tem valores e ideias para defender, ninguém tem soluções pensadas para os problemas, ninguém estudou coisa nenhuma, ninguém sabe, a sério, nada de nada.
"O inglês para todos" – leio num cartaz de propaganda,
O inglês ?!!? - quando não se disse ainda uma palavra sobre o português ?
Vamos pensar em inglês, daqui para a frente ? - dado que, como dizia o linguista Èmile Benveniste, não é possível falar em pensamento sem ter por base o domínio de uma língua