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sexta-feira, maio 30, 2008

 

Debates lamentáveis...


Lamentável o debate entre editores ocorrido no dia 29.05., na Casa Fernando Pessoa, durante as habituais sessões mensais coordenadas pelo jornalista Carlos Vaz Marques.
Dá a sensação, pelo esgotamento dos argumentos e sucessivos impasses, que com os actuais protagonistas já não se pode ir muito mais longe. As distâncias entre eles são enormes, e o peso das feridas passadas torna o diálogo quase impossível. Basta verificar, quando quiseram relatar-nos o passado, que todos eles nos contaram "um passado" diferente, como se afinal tivessem vivido em locais diferentes, com distintas preocupações.
Vamos ver no que isto vai acabar. A unificação das 2 Associações ? Duas Associações independentes reunidas numa Federação ? Ou a manutenção da situação actual das duas Associações, arrastando-se até ao nada ? E onde e como ficarão integrados os Livreiros ?
E quem vai aceitar liderar esta situação ? O presumível "independente" Rui Beja ? Com a sua equívoca equidistância ?
Esperemos que se venha a encontrar um bom caminho.
*
Mas mais lamentável do que isto foi um artigo de Pacheco Pereira publicado no sábado anterior, 24.05., dia da inauguração da Feira do Livro. Há muito que não lia um texto com tão grande inimizade às coisas da cultura e às pessoas que nela e por ela trabalham. Escrito por alguém que vive mergulhado no meio que pretende criticar, que escreve livros, publica livros, apresenta livros, trabalha com editores, ganha dinheiro com os livros, vive numa relação próxima com os livros...
Deixou-me inquieto este texto.
De onde lhe virá tanta raiva aos livros e à cultura ? Como se explica esta posição ? Que quererá ele construir com isso ? De quem estará a falar ?
Fica aqui disponível esse texto - no seu próprio blogue.

Comments:
É muito interessante o editor Nelson de Matos considerar lamentável um debate de editores em que esteve presente e onde não abriu a boca. Diz que com estes protagonistas não se vai lá mas tendo podido marcar a diferença com os seus argumentos de grande inteligência que recusa a revelar-nos, entrou mudo e saiu calado. É muito significativo. Não será a isto que se chama falar pelas costas?
 
Ao ler o texto de Pacheco Pereira fiquei mais com a sensação de vazio. Aquilo serviu para quê? Explicou o quê? Foi só para cumprir o dever de comentar? Mas, ao que parece, foi a minha inocência que me levou a pensar isso.
 
Para o comentador Anónimo:
E ao seu comentário anónimo chamaremos o quê?
Mas eu explico-lhe o meu silêncio, que apenas tentou ser um modo de não agravar os termos da discussão que estávamos a presenciar. O silêncio também quer dizer coisas, quando bem interpretado. Cumprimentos
NM
 
Eu, que não concordo com o Pacheco Pereira em nada a não ser que ameacem com ferros quentes, dei comigo a concordar com quase tudo que escreveu no texto que aqui refere.

Não tenho nada a ver com o mundo em questão, para além de ser consumidor de cultura e de livros. Mas os comportamentos e histerismos a que se tem assistido da parte de muita gente (editoras, escritores, editores) em relação à Leya, ao mesmo tempo que associações como a APEL se comportam da forma vergonhosa (para mim pelo menos) como se viu comportar, não dão uma imagem positiva do mundo editorial.

Elistismo, soberbidade, prepotência, egotismo são algumas das características de muitos dos intervenientes que vêm ao de cima.

E depois o uso do argumento da cultura para justificar todo esta novela, como se a Leya tivesse criado o mercado onde se mexe e não tivesse comprado as editoras às mesmas pessoas que antes supostamente eram irreprensíveis na maneira como geriam as suas casas.

A hipocrisia disto tudo é um pouco excessiva.

Quando também se lê a precupação em unificar a APEL e a UEP porque divididas perdem subsídios também se perceber que o medo de muita gente é de ter que actuar num ambiente de mercado. Verdadeiro mercado. Não o mercado onde uma série de amigos apertam as mãos uns aos outros e há uma paz pobre em dinamismo entre todos.

A Leya, que certamente não será inocente nos seus comportamentos futuros, abanou tudo isto. Mas, muito sinceramente, já tudo precisava de ser abanado.

Só assim podemos finalmente ver o mercado editorial e livreiro português evoluir. Sem os 'consensos' forçados pela APEL.

A feira do livro foi um exemplo claro das razões que movem muito editores na oposição à Leya e aos seus pavilhões diferenciados: um nivelamento por baixo; um cooperativismo medíocre.

Finalmente, é altura do mundo editorial português aceitar que apesar de todos os seus elitismo continuamos a ser um país onde se lê pouco, onde a taxa de analfabetismo funcional é enorme, onde o amor pela cultura elitista que tanto temem ver ameaçada não deu frutos.

Saiam por isso dos seus pedestais altivos e abandonem a presunção divesca de defenderem supostos interesses culturais.

Continuará a haver mercado para a cultura e ninguém impede ou impediu as pessoas de mudarem de editoras, criarem as suas próprias, de dinamizarem o mercado.

Mas, por favor, concentrem-se no seu trabalho e parem com a agressão pública ao trabalho dos outros e com a vitimização a que se vem assistindo.

Se disto tudo sair uma associação de livreiros independentes - essencial - e para além da APEL e UEP mais três ou quatro associações de editores, fantástico. Este Estalinismo cultural que se vivia em Portugal - como a APEL a querer continuar a ser o Comité Central - é que não serve o dinamismo, nem um mercado aberto. Serve um mercado muito controlado, para o benefício de uns.

Por muito que custe a muita gente, que há muito perdeu noção da sua auto-imagem por se mover num mundo endogâmico, a análise do Pacheco Pereira é, com pena minha, muito real.
 
A Leya, esse potentado da inovação editorial - que Lérias e Pacheco Pereira logo topam à distância - mostram, de facto, grandes inovações na feira. As barracas vermelhas são uma maravilha, bué diferentes do resto tudo e muito mais atractivas. Não fosse o segurança fardado e os detectores com alarmes anti-roubo - uma boa medida securitária - o mais provábel era nem ter dado por ter entrado num sítio verdadeiramente inovador. Os desgraçados vestidos de pirata também ajudam bastante, de certeza, a atrair gente para a leitura. Estás perdoada, Leya. Convencido que cagavas de alto na literatura e querias era dominar o mercado e crescer à custa da concentração para que quando os espanhóis cá chegassem em força o Paes do Amaral te pudesse vender por alto preço e afinal trouxeste tanta qualidade, animação e inovação - e segurança, não se deve deixar de vincar, e segurança - à venda de livros em ambiente de feira.
 
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