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quarta-feira, março 03, 2010

 
VISITE POR FAVOR O SITE COM O CATÁLOGO DAS EDIÇÕES NELSON DE MATOS
EM
www.edicoes-nelsondematos.com

quarta-feira, junho 25, 2008

 

Respostas à Visão

Revista Visão
Perguntas de Sara Belo Luís
Reportagem publicada a 26.06.2008


1. Como ser editor independente num mercado concentrado, de grandes grupos editoriais?

[NM] Não é fácil, de facto. O mundo não está feito para os independentes... só para os dependentes...
Os riscos do trabalho nestas circunstâncias de isolamento e independência são maiores do que parecem. Um manhã acordamos e já nos compraram tudo em volta, podemos ficar cercados... como aconteceu com alguns editores e autores ultimamente... de súbito já não estavam no mesmo sítio que no dia anterior... é a precariedade total, como agora se diz relativamente aos restantes trabalhadores... O mundo está a ser transformado nisso, na precariedade total... só a propriedade do capital se mantém estável... desculpe-me a linguagem.

2. Que "nicho" de mercado pretendem as Edições Nelson de Matos ocupar?

[NM] O da Literatura de qualidade (nos termos mais amplos), a ficção, a poesia, os autores clássicos e contemporâneos, os novos, os modernos e os clássicos. A Literatura, enfim. A História moderna e contemporânea, os textos de intervenção, algumas biografias. Perdoe-me não estar para aqui a falar disso em voz alta.

3. Qual é a viabilidade económica de uma editora independente? É possível ganhar dinheiro, indo além do hobby, do prazer de editar?

[NM] Sim, é possível sustentar esta opção com tranquilidade, se se for suficientemente maduro para se ser capaz de a gerir cuidadosamente. No projecto em que estou envolvido, a questão mais interessante coloca-se ao nível do controlo sobre o crescimento.

terça-feira, junho 17, 2008

 

Vale a pena acompanhar...

http://emdefesadalinguaportuguesa.blogspot.com/

terça-feira, junho 03, 2008

 

Outro depoimento...

Desta vez por solicitação de João Morales, director da revista "Os Meus Livros", que me enviou as perguntas e integrou as respostas num texto publicado no número 64, de Junho de 2008.
1) Que motivos o levaram a entrar em litígio com a Dom Quixote, em 2004?

Para quê continuarmos a falar de coisas do passado? Essa Dom Quixote do meu tempo não existe mais, já teve 3 ou 4 direcções depois da minha saída, já foi vendida, comprada, desmantelada, refundada, é hoje uma empresa que nada tem a ver com o projecto de que eu fiz parte durante quase um quarto de século. Além disso não tive nenhum litígio com eles, na altura. Fui pura e simplesmente alvo de uma tentativa de despedimento “com justa causa” por um gerente que tinha vindo das lâminas de barbear. Recorri para os Tribunais, que me deram razão; mandaram-me regressar às minhas funções. Recusei, vim embora. Ponto final. Já passou.

2) Que motivos o levaram a aceitar o convite da Ambar? Já agora, em que consistia, concretamente, esse convite?

Aceita-se um convite porquê? Provavelmente porque nos seduz, porque nos desafia, porque estamos receptivos ao que nos propõem. Aceitei o convite de dar à Ambar uma orientação editorial coerente, uma direcção, de lhe definir um caminho mais profissionalizado em todas as áreas do trabalho editorial.

3) Porque chegou ao fim essa colaboração?

Porque a Ambar tinha uma excessiva pressa de resultados. Pensava que por ter contratado um profissional com uma experiência acima da média, ia ter resultados na manhã seguinte. É aliás o mal de muitas empresas que por aí andam. Mas infelizmente não é assim que as coisas acontecem. Os resultados, sobretudo os resultados de vendas, são a consequência de um trabalho que leva o seu tempo - sobretudo quando a empresa não tem um passado que suporte minimamente as acções em curso, e tudo tem de ser feito de raiz. Não se pode precipitar os acontecimentos. Tudo tem o seu tempo.

4) Nessa altura, chegou a considerar integrar uma outra editora?

Felizmente, ao longo da minha vida profissional, fui tendo sempre alguns desafios interessantes. Mas, nessa altura, tinha aceite dar resposta ao projecto da Ambar. Não ia voltar-lhe as costas a meio do caminho. Sou um profissional.

5) Porque optou por criar uma editora unipessoal? Neste caso, o editor constitui todos os elos da produção (escolha dos títulos, do papel, do paginador, tradutor, negociação com a gráfica, com a distribuição, etc, etc)?

Decidi desse modo porque, provavelmente, depois de 23 anos a dirigir a Dom Quixote já não tenho paciência para outro tipo de estatuto. O meio editorial está muito confuso, inundado por pessoas que sabem muito pouco de edição, ou que julgam que editar livros se faz em gritaria pelo telemóvel. Por outro lado eu prezo muito a minha liberdade, já tenho alguma idade, e acho cada vez menos graça a palermices.

6) A distribuição é (ou poder vir a ser) um problema para si e para o seu projecto?

Não vejo porquê. Tenho uma Distribuidora, a Sodilivros, fui eu que os escolhi, já antes os tinha convidado para trabalhar com a Ambar, gosto de trabalhar com eles, são excelentes profissionais, e além disso pessoas estimáveis. Não me queixo. Repare nos meus livros, veem-se por toda a parte, vendem-se bem, o Lavagante vai agora na 5ª edição, foi lançado no início de Março. Os meus problemas são outros, não os de distribuição.

7) Como define a sua linha editorial da sua editora? Como escolhe os livros que edita?

Generalista, não há outra palavra. Estou no começo, não é ainda tempo para definir um Catálogo que não posso ainda considerar que tenho.

8) Como encara todas estas movimentações dos últimos meses, no mercado editorial português?

Com calma e naturalidade. Mas também com alguma perplexidade, sem saber muito bem onde é que tudo isto vai parar, em algumas situações... Veremos... a quem vão vender o que hoje estão a comprar... Ou quem vai comprar o que um dia terão de vender...

9) Os motivos pelos quais se fez editor, são os mesmos que o levaram a criar as Edições Nelson de Matos?

Sou editor porque gosto de livros, porque gosto de conviver com os autores e todos os outros extraordinários profissionais ligados ao livro. Sou editor, também, porque aprendi o negócio do livro e agora, tantos anos depois, já não sou capaz de fazer mais nada. Fiz então, com o meu próprio nome, uma editora artesanal. A que alguns, agora, também chamam intimista. Gosto das duas designações.

sábado, maio 31, 2008

 

X. L. Méndez Ferrín




O escritor galego X. L. Mendéz Ferrín (Ourense, 1938), ganhou em Espanha o Prémio Nacional de Literatura, 2008.

Parabéns Ferrín.
Finalmente.

sexta-feira, maio 30, 2008

 

Debates lamentáveis...


Lamentável o debate entre editores ocorrido no dia 29.05., na Casa Fernando Pessoa, durante as habituais sessões mensais coordenadas pelo jornalista Carlos Vaz Marques.
Dá a sensação, pelo esgotamento dos argumentos e sucessivos impasses, que com os actuais protagonistas já não se pode ir muito mais longe. As distâncias entre eles são enormes, e o peso das feridas passadas torna o diálogo quase impossível. Basta verificar, quando quiseram relatar-nos o passado, que todos eles nos contaram "um passado" diferente, como se afinal tivessem vivido em locais diferentes, com distintas preocupações.
Vamos ver no que isto vai acabar. A unificação das 2 Associações ? Duas Associações independentes reunidas numa Federação ? Ou a manutenção da situação actual das duas Associações, arrastando-se até ao nada ? E onde e como ficarão integrados os Livreiros ?
E quem vai aceitar liderar esta situação ? O presumível "independente" Rui Beja ? Com a sua equívoca equidistância ?
Esperemos que se venha a encontrar um bom caminho.
*
Mas mais lamentável do que isto foi um artigo de Pacheco Pereira publicado no sábado anterior, 24.05., dia da inauguração da Feira do Livro. Há muito que não lia um texto com tão grande inimizade às coisas da cultura e às pessoas que nela e por ela trabalham. Escrito por alguém que vive mergulhado no meio que pretende criticar, que escreve livros, publica livros, apresenta livros, trabalha com editores, ganha dinheiro com os livros, vive numa relação próxima com os livros...
Deixou-me inquieto este texto.
De onde lhe virá tanta raiva aos livros e à cultura ? Como se explica esta posição ? Que quererá ele construir com isso ? De quem estará a falar ?
Fica aqui disponível esse texto - no seu próprio blogue.

domingo, maio 25, 2008

 

Sobre a Concentração & etc....

Nos últimos meses, alguns jornalistas têm tido a amabilidade de me interrogar acerca da criação das Edições Nelson de Matos , tomando-as como um contraponto (que de modo algum podem ser) ao processo de concentração editorial verificado recentemente no nosso mercado.
Deixo aqui arquivadas as respostas que lhes fui dando em momentos diversos, daí as eventuais contradições.

Alexandra Carita
Enviada em: quarta-feira, 21 de Maio de 2008 17:42
Assunto: para artigo no Jornal Expresso (publicado em 24.05.2008)


Conforme combinado envio algumas perguntas sobre o mercado do livro:

A partir da sua experiência enquanto editor como é que olha para o panorama actual do mercado do livro em Portugal?
[NM] Com alguma perplexidade e preocupação. Este súbito e significativo interesse (para não dizer "assalto") de alguns grupos financeiros (repare que não digo editoriais) pelo nosso pobre mercado do livro, causa-me bastante admiração, sobretudo se comparado com os quase estagnados índices de leitura e de compra de livros que regularmente são publicados. Será que passámos a ser um país com 100.000 leitores para cada livro ? Ou tudo isto não passa de puras operações de especulativas num mercado desprevenido; de operações de compra e venda realizadas em cadeia ?

A concentração do mercado em grandes grupos editoriais tem vantagens? É uma estratégia financeira mais lucrativa? Pode afectar o consumidor (condicionando-lhe as opções de compra, por exemplo)?
Claro que tem sensíveis vantagens para os Grupos; claro que é uma estratégia mais lucrativa para eles; claro que reduz as opções de escolha dos leitores, as opções de publicação para os autores, as opções de trabalho para os técnicos e especialistas do sector (tradutores, revisores, ilustradores, designers, etc.), a capacidade negocial das empresas adjacentes (gráficas, paginadores, distribuidores, pequenas e médias livrarias, etc.), e o mercado de trabalho para os trabalhadores em geral.

As pequenas editoras, como a que acaba de criar, voltadas para um nicho de mercado, poderão estar em risco, ou são a solução para quem quer continuar dentro do mercado do livro?
As pequenas editoras resistirão com maior facilidade, se geridas com cuidado e disciplina, porque evidentemente não terão que enfrentar os mesmos problemas que as grandes. Serão mais adaptáveis às crises e às oscilações do mercado.

Há público assegurado para elas? E margem de manobra para trabalhar com distribuidoras e livreiros?
Não vejo porque não. São elas que permitirão alargar as escolhas dos leitores, oferendo-lhes áreas de edição alternativas à linguagem dos best-sellers. Serão elas que oferecerão a muitos autores o porto seguro no qual gostam de trabalhar.

Quais as suas expectativas em relação às Edições Nelson de Matos?
As minhas expectativas são por enquanto escassas, modestas, cautelosas. Primeiro, mostrar que é possível resistir, se se quiser fazê-lo; depois mostrar que é possível manter um programa de qualidade com bons autores, que se pode até produzir livros de entretenimento sem meter as mãos no lixo.

Serão as «médias» editoras as mais prejudicadas com a criação dos grandes grupos?
Provavelmente. Ficam cercadas. Não são nem uma coisa nem outra. Deixarão de ter acesso fácil à compra dos best-sellers (capacidade que os Grupos lhes retirarão com facilidade) e, por outro lado, terão dificuldade em eliminar custos de estrutura (e outros) que lhes permitam aguentar a concorrência das pequenas editoras. Mas há caminhos para elas. Esperemos que cada uma delas saiba encontrá-los.

Portugal tem público para tantos livros?
Não tem, nem terá. Apesar de algum pequeno crescimento dos índices de leitura e compra de livros verificado nos últimos anos, Portugal não está, como é sabido, a multiplicar a sua população, muito antes pelo contrário. Temos portanto que esperar para ver. Ver a quem os Grupos actuais irão vender o que agora têm estado a comprar. Ver se o seu interesse pela defesa da nossa língua não resultará afinal numa venda da edição portuguesa mais interessante a grupos internacionais. Veremos. A procissão ainda vai no adro da igreja, como diria a tão esquecida sabedoria popular.


Respostas a Sérgio Almeida,

JORNAL DE NOTÍCIAS, 18.04.2008


1 Criou uma editora numa altura em que talvez não fosse esse o cenário mais previsível. Correr riscos, mesmo que calculados, está-lhe no sangue?
Nenhuma construtora me veio convidar para assumir um lugar na sua Direcção - que é que eu havia de fazer ? Sou um profissional da edição com algumas décadas de experiência. Resolvi fazer aquilo de que sou capaz: uma pequena editora artesanal. Era cedo para ficar parado. Aos sessenta e dois anos ainda se está bastante apto. Embora os jovens e actuais gestores de recursos humanos das empresas pensem que não.

2 Embora ainda seja cedo para grandes balanços, esta tem sido uma aposta ganha até ao momento?
Sim, tem corrido bem, foi bem recebida pelos meios de comunicação e pelos autores, foi apoiada pelos Livreiros, teve o entusiasmo dos leitores. Não me posso queixar. Tive já de reimprimir um título por 5 vezes, logo ao fim de um mês, dos outros não tenho exemplares disponíveis, embora isso não signifique que estejam já todos vendidos.

3 A publicação do inédito de José Cardoso Pires foi o “empurrão” ideal para uma editora recém-criada?
Não. A publicação de um inédito de Cardoso Pires foi, em primeiro lugar, um bom pretexto para mostrar o que ainda é possível fazer em termos de trabalho editorial. Em seguida foi o pretexto para homenagear um amigo querido e um grande escritor da nossa língua, de o voltar a trazer para as páginas dos jornais. Depois, foi uma forma de oferecer aos seus leitores uma bela recordação, no ano em que decorrem os 10 anos sobre o seu falecimento.
Os leitores, felizmente, souberam apreciar estas intenções. Em contrapartida puderam ler um texto fascinante.

4 Nestas três décadas e meia de actividade editorial, o mercado sofreu transformações vertiginosas. De todas essas mudanças ocorridas, quais destacaria? A distância crescente entre o editor e o autor, por exemplo?
Talvez destacasse, pelo lado positivo, a progressiva alteração das taxas de leitura e de consumo de livros, o aumento do número de leitores regulares, a democratização do acesso ao livro e à leitura, o aumento do número de bibliotecas escolares e de leitura pública, etc. Foi um esforço muito grande e bem sucedido.
Pelo lado negativo, destacaria o apagamento da figura do editor pela parte dos grandes grupos editoriais entretanto formados. Vão arrepender-se, a prazo. O negócio dos livros não se faz apenas com os best-sellers; é fundamental construir e manter vivo um catálogo estável e consistente. Para isso uma editorial tem forçosamente que ter por trás quem tenha algumas ideias.

5 Onde vê as Edições Nelson de Matos daqui a cinco anos? Ainda como uma “editora artesanal”?
Sim, sem dúvida. Não me vejo de novo a optar por um crescimento acelerado. Vou fazendo uns livros, com gosto, com tempo, com qualidade.

6 Não vê na concentração editorial o ‘papão’ que muitos responsáveis do meio insistem em ver. Esta aposta de grandes grupos no sector dos livros é a prova de que esta não é uma área necessariamente pequena?
Sim, a concentração não é nenhum “papão”. E, proporcionalmente, tem também os seus riscos. Vamos ver de que eficiência são capazes. Porque para eles é esse o problema, o de garantir um grau elevado de eficiência à rotação do capital. Vamos ver o que fazem, o que verdadeiramente conseguem fazer os Grupos. Sobretudo quanto tempo demorarão a vender o que agora compraram. E em que condições de rentabilidade.

7 Ter publicado os “Versículos Satânicos” foi das decisões mais difíceis que tomou, em virtude das ameaças que recebeu? De que outras situações delicadas se recorda?
Houve muitas outras situações que não foram fáceis. A publicação do livro do Dr. Rui Mateus sobre a questão do financiamento dos partidos políticos, a devolução à família Espírito Santo de uma correspondência de Eça de Queiroz que lhes havia sido subtraída, um livro da jornalista Paula Serra sobre os serviços secretos, etc. A vida de um editor tem também os seus riscos, que nunca hesitei em correr, a bem da minha independência, da verdade e da liberdade de editar.

8 Quais os próximas títulos já assegurados pelas edições Nelson de Matos?
Vai sair em breve um pequeno livro de contos de um outro escritor importante, estão a ser escritos um livro de memórias muito interessante e uma grande biografia de uma personalidade pública com uma vida inquestionavelmente rica.

9 Por fim, gostaria que resumisse telegraficamente – numa frase, se possível – a experiência nas editoras pelas quais já passou (Arcádia, Moraes, Dom Quixote e Ambar).

Arcádia e Moraes foram o princípio, o começo, a aprendizagem, o tecer de uma rede de relações imprescindível, o início do convívio com importantes autores portugueses; na Dom Quixote ficou metade da minha vida, algo que não repetirei e que provavelmente jamais se repetirá, a construção de um dos mais importantes catálogos da edição portuguesa, a reunião de um conjunto de autores, nacionais e estrangeiros que jamais haviam sido reunidos em qualquer catálogo; na Ambar quis deixar depositada alguma da experiência anterior, mas a empresa, cheia de pressa e com muita inabilidade, não teve condições para aproveitar o que pretendi transmitir-lhe.

Respostas a Sérgio Almeida

Jornal de Notícias, 25.01.2008

PERGUNTAS

1 Acha que a grande surpresa nesta vaga recente de concentrações é apenas o atraso com que chegou ao nosso país?
[NM] Ao nosso país, já se sabe, as coisas chegam normalmente com algum atraso. Umas mais do que outras. A formação de Grupos Editoriais era algo que se esperava, uma tendência que estava à vista dada a fragilidade da maior parte das empresas do sector, que se vinha desenhando e ensaiando desde há alguns anos. Havia já alguns grupos embrionários, entre empresas nacionais e, outros, já com empresas e grupos internacionais poderosos. Nos últimos tempos, porém, a situação tornou-se mais evidente com o aparecimento de grupos financeiros que, como é conhecido, adquiriram várias editoras.

2 Quais as principais vantagens e desvantagens que associa a esta tendência?
[NM] Face à concentração verificada no retalho (grandes superfícies, Fnacs, grandes redes livreiras, outros grupos em formação nesta área do comércio) era inevitável a concentração dos Editores, tentando encontrar a medida justa de enfrentar essa situação de desigualdade negocial. Devia ter acontecido há mais tempo. Com a demora, a fragilidade de muitos editores acentuou-se irremediavelmente. Note porém que não estou a comentar a forma, as estratégias ou as consequências, das concentrações em curso - isso seria outra conversa, certamente mais demorada. Limito-me a constatar a sua inevitabilidade.

3 Como interpreta a reacção inicial de desagrado adoptada por autores como Lobo Antunes ou Lídia Jorge?
[NM] É uma reacção normal e aceitável. Não creio que eles estivessem a reagir ao processo de concentração em si, mas às formas negativas que ele pode assumir e aos efeitos que essas formas negativas poderão ter sobre o trabalho e os interesses dos autores. Por outro lado, não sei se a posição destes dois escritores pode ser encerrada dentro de um mesmo saco... A concentração, em si, não é negativa, repito. Negativos poderão ser os efeitos de algumas das formas distorcidas que ela pode assumir.

4 Como reagiria se um grupo editorial poderoso manifestasse interesse no seu novo projecto no sector dos livros?
[NM] Ouvi-lo-ia com naturalidade e normalidade - embora não faça parte dos meus objectivos incluir a minha actual empresa em nenhuma das concentrações financeiras existentes.

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quinta-feira, maio 22, 2008

 

TORCATO SEPÚLVEDA (1951-2008)

Faleceu hoje o escritor e jornalista Torcato Sepúlveda, aos 57 anos.
Estas notícias caem sempre de surpresa e com violência. Não o via há algum tempo. Mas houve um período em que convivemos de perto, conversando no Snob pela noite dentro.
É um lugar comum, eu sei, mas ficámos todos um pouco mais pobres, sobretudo no jornalismo cultural que ele praticava exemplarmente.
Leiam também as homenagens que lhe endereçam o Francisco José Viegas e a Isabel Coutinho.
Recordá-lo-emos, sem dúvida.

sexta-feira, maio 16, 2008

 

Entrevista a José Manuel Lara / Grupo Planeta

Arquivo aqui um link para esta curiosa e interessante entrevista a José Manuel Lara, Presidente do Grupo Planeta e meu ex-Sócio na Dom Quixote, concedida ao Suplemento Negócios do El País de 04.05.2008.

http://www.elpais.com/articulo/empresas/epoca/tormentas/buena/comprar/elpepueconeg/20080504elpnegemp_12/Tes/

domingo, maio 11, 2008

 

Contra o ACORDO ORTOGRÁFICO


quarta-feira, março 12, 2008

 

SEM PALAVRAS ...


Hebrom, Cisjordânia, Palestina Ocupada.
retirado de http://idelberavelar.com/

domingo, dezembro 16, 2007

 

BYBLOS, parabéns


A inauguração em Lisboa da primeira loja da cadeia de livrarias Byblos tem suscitado muitos comentários, na blogosfera e fora dela.
A maior parte desses comentários são cépticos, desconfiados e descrentes.
Em Portugal isso é normal.
Quando alguém consegue construir uma iniciativa de relevo, logo todos perguntam: "Quando é que vai cair ? Como é que se vai aguentar ? Quanto tempo vai durar ?"
É assim: primeiro duvida-se; só depois se vai acreditando, quando já não é preciso.
Parabéns a Américo Augusto Areal, que acredita no futuro do negócio do livro. Que confia que o futuro nos há-de trazer um maior número de leitores.
Devemos agradecer-lhe, apoiá-lo, ajudá-lo a ir para e frente. Felicitá-lo pela iniciativa.
Fora com os velhos do Restelo... sempre a resmungar na beira do passeio.

 

Dona da Bertrand (!!!)

Informação do Diário Económico (12.12.2007):

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quarta-feira, novembro 14, 2007

 

VALE POR SI...


Esta fotografia, onde se vê o Presidente da França Nicolas Sarkozy, está reproduzida no blogue Da Literatura, acompanhada de um comentário assinado por Eduardo Pitta.
Achei que a fotografia "vale por si" e não resisti a usá-la sem mais comentários. Quem chegará primeiro, afinal ?

quarta-feira, outubro 31, 2007

 

Grupos Editoriais e Editores "Independentes"...

Porque de certo modo fui desafiado a voltar ao tema, vou aqui publicar de novo o meu texto sobre a questão dos "Grupos Editorais e Editores e"Independentes".
Este texto foi lido na Gulbenkian durante o 1º Congresso de Editores, realizado em Abril de 2001. Com pequenas adaptações, foi mais tarde publicado (13.09.2003) no DNA.
Relendo-o agora, eu próprio me espanto com o seu carácter premonitório.
Esperemos que ainda sirva para alguma coisa.
[******]
GRUPOS EDITORIAIS / EDITORES “INDEPENDENTES”

A presença de Grupos empresariais na área da edição ou da comercialização do livro, não está em Portugal ainda suficientemente tratada, provavelmente por não temos ainda para a pensar nem a experiência, nem os dados, nem o distanciamento suficientes.
Em algumas intervenções recentes, tenho ouvido classificar esta situação – repetidamente – como de uma “grave ameaça” para o nosso mercado.
É evidente que esta é uma forma barroca (e bacoca?) de considerar o problema. A não ser que consideremos “ameaçadora” a própria realidade em que nos movemos.
Em toda a parte tem sido esta a tendência dominante no mundo empresarial, não apenas no sector da edição. As empresas associam-se, fundem-se, constituem grupos poderosos, internacionalizam-se, os grandes envolvem os pequenos, procuram novos mercados para um mais largo exercício da sua actividade.
São um dos efeitos da globalização, como agora se diz. Não há nada a fazer. Ou melhor: não está nas nossas mãos fazer diferente, enquanto esta for a tendência dominante da economia mundial.
Esta é a realidade com que temos de contar no nosso dia a dia, não vale a pena fugir dela. Tão-pouco considerá-la “ameaçadora”, porque não será isso que a transformará.
O que temos é de aprender a viver com ela, modificando alguns dos nossos critérios profissionais e de gestão, as nossas estratégias empresariais, explorando as oportunidades e os espaços que consideramos poder e dever ocupar.
Os Grupos não são necessariamente "inimigos", nem são irremediavelmente “maus”, antes, em alguns casos, poderão ser parceiros interessantes para o contraste e alargamento das nossas próprias experiências, para o desenvolvimento da nossa criatividade e capacidade de reacção.
Mesmo em Portugal, onde estas coisas chegam sempre com atraso, algumas destas tendências manifestam-se já desde há alguns anos, não são uma realidade nova. Começaram na área da comercialização com o aparecimento das grandes superfícies de venda, os hipermercados, todos integrados em grupos empresariais poderosos; passaram depois pela formação de fortes grupos livreiros nacionais como foi o caso das dezenas de livrarias da Bertrand, culminaram com a chegada ao nosso mercado de um grupo europeu como a Fnac, já com várias lojas em funcionamento, e alguns outros se aproximam, como por exemplo El Corte Inglês, que se instalou entre nós há menos tempo.
Mesmo na área da edição, poderemos citar a já antiga presença em Portugal do Grupo Bertelsmann, com o seu clube do livro, o Circulo de Leitores e com a Temas e Debates a sua editora dirigida ao mercado tradicional das livrarias; do Grupo Noticias/Lusomundo/Portugal Telecom, com a Editorial Noticias, a editorial Oficina do Livro, a sua distribuidora e a sua rede livrarias; da própria Dom Quixote hoje integrada no Grupo Planeta, o mais importante grupo editorial da Península Ibérica, ou de muitas outras iniciativas que todos sabemos se aproximam.
Todos estes Grupos têm estratégias ambiciosas, objectivos de liderança do mercado, alguns deles visam, inclusivamente, o objectivo mais largo de liderança em todo o espaço da língua portuguesa. Refiro-me ao Brasil e aos países africanos de língua oficial portuguesa.
A par desta actuação, coexistem evidentemente com o seu imprescindível e meritório trabalho muitas editoras designadas por “independentes” – embora esta designação mereça hoje, também, alguma clarificação. Dado que para se manterem “independentes” muitas destas empresas tiveram também de criar as “dependências” específicas que melhor lhes permitam resistir, persistir e actuar.
Quanto a mim, encaro com poucas diferenças a dependência de um Grupo empresarial de edição, da dependência de um Banco, de um Distribuidor, ou até das poderosas redes livreiras existentes no mercado. Ou melhor: porque já tive as duas experiências, prefiro de longe a dependência de um Grupo profissional com quem possa partilhar objectivos similares.
Os verdadeiros editores são, como se sabe, por princípio e definição, “independentes”... quer exerçam a sua actividade no interior de um Grupo, quer isoladamente.
Todos compreendemos hoje que só obtendo resultados se garante a sobrevivência a médio e longo prazo, e que esta é uma regra a que nenhuma empresa (pequena ou grande, “independente” ou em Grupo) poderá fugir. Para isso, cada um cria as dependências que considera mais convenientes para salvaguarda da continuidade do seu trabalho. Até mesmo os editores que gostam de continuar a designar-se como “independentes”...
Nos últimos anos, em Portugal, a propósito da falência de uma grande Distribuidora nacional e das graves consequências dessa situação para muitos pequenos editores “independentes”, tenho ouvido culpar a lógica e o funcionamento dos grupos empresariais que entre nós actuam na área da comercialização.
Trata-se evidentemente de uma reacção emocional, muito motivada pelas previsíveis dificuldades que terão de ser geridas por essas dezenas de pequenas editoras, que recorriam antes aos serviços e ao apoio financeiro da referida Distribuidora.
Aqui, como em tudo o mais, há pois que saber controlar as nossas emoções e preocupações, tentando encontrar a correcta análise da realidade.
Os Grupos não podem ser responsabilizados por todas as nossas “desgraças”.
E, evidentemente, não parece correcto, tal como aconteceu nessa altura, tentar solicitar que seja o Estado, torneando provavelmente a legislação europeia reguladora da concorrência e do funcionamento do mercado, a intervir em casos como esses, moderando a capacidade de gestão dessas unidades empresariais relativamente a outras que operam em idênticas condições e circunstâncias de mercado.
Portugal pode dizer que tem hoje um público de leitores e de compradores regulares de livros que antes não existia – pena que as pobres estatísticas oficiais (referidas ainda aos anos em que nem sequer existiam Fnacs...), nos não consigam mostrar mais do que uma arqueologia do sector. E onde há mais leitores e mais leitura aumentam certamente as oportunidades para as empresas do sector do livro, tanto editores como livreiros.
Por formação cultural, eu não sou partidário (como parecem ser alguns dos nossos actuais responsáveis culturais) de um total liberalismo de funcionamento do mercado. Trata-se afinal da cultura de um país, do modo como nos vemos uns aos outros, ou de como queremos ser vistos do exterior. A cultura é a nossa cara, e mais do que a nossa cara é a nossa respiração.
Deixá-la entregue, livremente, com todas as suas fragilidades e especificidades, às puras regras de funcionamento do mercado é correr o risco do que pode designar-se como o fenómeno “Big-Brother”. Se o mercado exige, é isso apenas o que devemos fornecer-lhe…
Não pode ser assim... os gostos educam-se, o “pensar” ensina-se, e todos (incluindo o Estado) teremos de fazer algum esforço nesse sentido.
Mas também não pode exigir-se ao Estado que intervenha fora dos limites da sua função reguladora. O apelo vulgar e sistemático à intervenção do Estado nas situações de crise, só pode ser revelador da nossa falta de capacidade para encontrar as soluções adequadas para os problemas que teremos de ser nós a resolver.
Eu costumo dizer que devemos deixar (e sobretudo vigiar) que o Estado cumpra o seu papel e faça o trabalho que lhe compete: que produza e melhore a legislação necessária (uma boa Lei do Preço Fixo dos livros, uma mais clara legislação sobre a concorrência, um Código do Direito de Autor adaptado aos tempos modernos, etc.); que promova na actividade escolar o gosto dos jovens pela leitura e pelo estudo do nosso património literário; que intensifique o alargamento da rede de bibliotecas escolares e de leitura pública; que apoie o reconhecimento externo da nossa língua e dos nossos escritores; que apoie a edição, não estritamente comercial, do nosso património literário fundamental; que compre livros para as bibliotecas pelas quais é responsável, e não que legisle de modo a que estes lhes sejam entregues gratuitamente sob a forma de Depósitos Legais; que reflicta sobre os efeitos desse verdadeiro imposto sobre a leitura que é o IVA aplicado aos livros; ou que, ao menos, aproveite as receitas do IVA para reais acções de dinamização da leitura, etc.
O que não podemos é exigir do Estado que corrija as más decisões dos gestores editoriais.
Os Grupos empresariais na área do livro ocuparam o seu espaço em Portugal tal como aconteceu noutros países. Inundaram o mercado de muitos livros bons e de muitos livros maus, desenvolveram novas regras de funcionamento junto dos autores, aplicaram ao livro e aos seus produtores novas regras de comercialização, de marketing, de venda. Introduziram no mercado as suas regras de funcionamento, a sua elevada capacidade negocial, mas também um maior dinamismo, imaginação e criatividade que foram capazes de abrir novos espaços para a leitura, o lazer, a aprendizagem através do livro.
Construíram além disso uma indústria editorial mais forte. E sem uma indústria editorial forte não há espaço de trabalho independente para os criadores ou para os profissionais do sector.
Os Grupos não publicam só best-sellers, ou só lixo editorial. E sobretudo não são sequer os únicos a fazê-lo…
Só criando novos leitores se aumentam os hábitos de leitura permanentes; só despertando o interesse pela leitura se formam leitores cada dia mais capazes de livremente seleccionar aquilo que querem ler.
Cabe-nos a nós a adaptação e o contraponto a estes desafios. O que não podemos é continuar a repetir a filosofia da desgraça e da crise permanente, ou a solicitar o paternal apoio do Estado perante estas ditas “ameaças” – onde apenas nos é exigido uma melhor definição e ocupação do espaço enorme que nos sobra para o exercício da nossa criatividade e profissionalismo.
O mercado está a crescer acentuadamente, pelo menos em Portugal. Há que aproveitar as suas oportunidades.
A presença dos grupos de edição ou de comercialização do livro tornou o nosso mercado mais dinâmico, aberto, competitivo. Cabe aos editores e livreiros “independentes”, retirarem disso, com imaginação e trabalho, maiores benefícios e oportunidades.
Ou unirem-se, também, é outra possibilidade.

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terça-feira, outubro 30, 2007

 

Joaquim Manuel Magalhães

Também fiquei surpreendido com o texto, intitulado A Derrocada, publicado pelo poeta, ensaista e professor universitário Joaquim Manuel Magalhães na revista Actual do semanário Expresso deste último fim de semana (28.10.2007).
Trata-se de um texto importante e que deve ser lido por muitos.
Devagar, com atenção e respeito.
Aproveitando a oportunidade para reflectir sobre as razões que têm levado à falta de intervenção dos "intelectuais" sobre a vida pública. Ou, ao invés, no caso presente, sobre as razões que levaram a que fosse "um intelectual" a escrever este texto.
Verifico que outros blogues lhe fizeram também referências especiais.
Nomeadamente o blogue A Origem das Espécies e o Portugal dos Pequeninos, que insere o texto completo.
Aqui fica esta modesta ampliação.

quinta-feira, outubro 25, 2007

 

LIVROS EM DESASSOSSEGO...

A greve dos pilotos da TAP (segundo foi explicado) impediu que tivéssemos ouvido (conforme estava previsto) a intervenção de João Amaral (em representação do grupo editorial propriedade do empresário Paes do Amaral), na sessão intitulada Livros em Desassossego, orientada pelo jornalista Carlos Vaz Marques e ontem realizada na Casa Fernando Pessoa.
A ausência (da mesa, não da sala...) do director coordenador de edições deste novo grupo editorial do empresário Paes do Amaral não permitiu que se colhesse, com significado, mais do que a informação de que o Grupo se pretende vir a constituir, no espaço de 10 anos, como o maior Grupo editorial em língua portuguesa. Considerando Portugal, países africanos e Brasil...
No mais, a discussão do tema ficou aquém das expectativas, com alguns momentos de monotonia.

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sexta-feira, outubro 19, 2007

 

EDITORES ESCOLARES, 2

Há quem se interrogue acerca da relação que poderá existir (eventualmente) entre o recente conflito entre os editores escolares e o Ministério da Educação, e esta investigação agora dirigida sobre os duas principais empresas editoras deste sector da edição.
Legítima interrogação ?
Nunca se sabe, do modo como vão os tempos...
Os processos intimidatórios são cada vez menos subtis...
Continuemos a acompanhar.

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quinta-feira, outubro 18, 2007

 

EDITORES ESCOLARES E OS TRIBUNAIS

Dizem os jornais (e os próprios já confirmaram) que as editoras escolares Porto Editora e Texto Editora foram alvo de investigações e buscas por parte de elementos do Departamento Central de Investigação e de Acção Penal, da Direcção-Geral de Informática e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros e Direcção de Serviços da Inspecção Tributária, acompanhados por elementos da Brigada Fiscal - tudo no âmbito da chamada "Operação Furacão".
Ambas as editoras parecem estar indiciadas na utilização de facturação falsa com recurso a sociedades ‘offshores’ encobrindo operações que ultrapassam mais de 20 milhões de euros.
Em data posterior àquela sobre a qual incide esta investigação, a Texto Editora foi adquirida pelo Grupo de Paes do Amaral, passando a funcionar em associação com a Editorial Caminho, Edições Asa, Gailivro, etc., também adquiridas pelo mesmo Grupo.
A acompanhar, evidentemente.

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quinta-feira, outubro 11, 2007

 

Na Casa Fernando Pessoa...

Uma reunião importante e certamente, também, interessante.
http://origemdasespecies.blogspot.com/search/label/Casa%20Fernando%20Pessoa
Vamos ver o que têm a dizer alguns dos novos grupos da edição.
Justificava-se uma sessão exclusiva para tratar o tema.

 

Durão Barroso, 2


O link anterior deixou de ter ligação com o vídeo, que desapareceu de onde estava.
Aqui fica outro, a ver quanto tempo dura.

terça-feira, outubro 09, 2007

 

DOS MAILS... 1

Não há motivo para que os mails recebidos fiquem silenciados. Reproduzo alguns dos mais recentes:

J. Francisco, Lisboa: Sócrates foi provar e aprovar os escalopes da Pescanova. Mas primeiro calou as reclamações, como tem sido hábito. Com aquele ar de quem tem sempre a certeza de ter razão. Desta vez não ralhou. Fez um discurso de mestre-escola, a fingir que estava calmo. Hoje, noutra deslocação, mandou a PSP à frente, de véspera, às instalações de Sindicatos, para recolher informação sobre a contestação que lhe estava reservada.

Mário Lopes, Sacavém: Vital Moreira é mais complacente hoje com o PS do que o foi antes com o PCP…

Floribela, Agualva: Foi necessário que o José Rodrigues dos Santos nos chamasse a atenção para a situação de governamentalização do canal 1 da RTP, para que a gente possa analisar devidamente o que se passou ontem no programa Prós e Contras. Um descarado tempo de antena concedido ao Governo e ao Ministro Rui Pereira, durante o qual a entrevistadora por diversas vezes se lhe dirigiu dizendo “…mas se o Senhor Ministro me der licença, vamos então passar a palavra a outros convidados…” A falta de tempo de antena concedido aos Sindicatos foi escandalosa e desrespeitosa.

quarta-feira, outubro 03, 2007

 

DURÃO BARROSO

Interessante este vídeo de Durão Barroso, nos anos do prec.

http://www.youtube.com/watch?v=8eIuIPUdS1s

Premonitório da sua carreira futura.

sexta-feira, setembro 28, 2007

 

A "Economia da Cultura" e a falta de um "Raciocínio Gestorial"



Do jornal Público de hoje, transcrevo esta informação (os destaques são meus):


Cultura é dinheiro, ou como a UE quer mais dinheiro para a cultura
28.09.2007, Kathleen Gomes
A Comissão Europeia não tem pudor em admitir que quer vender a cultura a investidores privados
Bruxelas teve o seu momento "é a cultura, estúpido!" em Novembro de 2006: um estudo encomendado pela Comissão Europeia revelou algo que fica sempre bem nas manchetes dos jornais - a cultura contribui mais para a economia europeia do que outros sectores mais óbvios, como o imobiliário ou a indústria alimentar. "Foi um choque", dizia ontem, em Lisboa, a directora-geral da Comissão Europeia para a Educação e Cultura, Odile Quintin, porque para decisores políticos e para o mundo do negócio e da finança em geral a cultura é vista como um custo, não um investimento. Sem esse choque - especificando: a cultura representa 2,6 por cento do PIB europeu, o número de que toda a gente fala - a União Europeia não estaria onde está agora: a discutir uma agenda cultural a 27.Termina hoje no Centro Cultural de Belém, com uma reunião informal dos ministros da Cultura europeus, o Fórum Cultural para a Europa, uma consulta pública sob a forma de workshops destinada a recolher sugestões da sociedade civil (!!!). Nos últimos dois dias era mais difícil encontrar artistas no encontro - "Muitos ainda acham que não devem ter um raciocínio gestorial e político. Fazem mal", comentava ao PÚBLICO o assessor da direcção do Teatro Nacional São João, José Luís Ferreira - do que economistas e gestores, o que diz muito. "Não devemos ter medo de dizer que o sector cultural contribui para a economia. Isso pode levar o mundo económico e financeiro a ter um outro olhar sobre a cultura", resumiu Odile Quintin num seminário paralelo para jornalistas que decorreu ontem. Dito de outro modo: é preciso dizer que cultura é dinheiro para atrair dinheiro para a cultura. Podemos ficar impressionados com os milhares de milhões de euros que Bruxelas canaliza para projectos e actividades culturais mas são "peanuts", dizia ontem outro responsável da direcção-geral de Educação e Cultura da Comissão, quando comparado com tudo o resto em que a UE gasta dinheiro. É pouco provável que o cenário mude, a menos que se atraiam investidores privados, admitiu, pragmática, Odile Quintin.CultureconomicsSubitamente, a expressão "economia da cultura" está na ponta da língua de toda a gente como se nunca tivessem falado de outra coisa. E não tem sequer um ano, cortesia do estudo sobre o impacto económico da cultura feito para a Comissão. "Se houve um clique, foi a publicação desse estudo", afirma o assessor da direcção do São João. "Todos dizem que a cultura é importante mas depois ninguém consegue dizer porquê." Com as estatísticas avançadas nesse estudo, ela deixou de ser "evanescente" para se tornar "palpável". José Luís Ferreira aplaude - o São João vai organizar um colóquio sobre economia e política culturais em Dezembro - mas quer garantias de que "a criação artística não seja varrida das decisões". Nem toda a cultura vende: os orçamentos nacionais e comunitário devem zelar pelos "territórios de criação" que "não geram valor em termos comerciais", defende.Dificilmente se poderá dizer que a cultura portuguesa esteve bem representada no CCB. A elaborar uma lista não necessariamente exaustiva do que essa representação podia ou devia ser, seriam mais as faltas do que as presenças. Entre as pistas para essa ausência, Nuno Ricou Salgado, ex-produtor do Chapitô e um dos mentores do Pisa-Papéis, catálogo anual de artes e espectáculos destinado a programadores culturais, avança esta: "Existe um preconceito de muitos agentes culturais em falar de mercado." Não da parte dele, e o Pisa-Papéis está aí para provar: é, diz, "uma plataforma entre a oferta e a procura". Sabem de quem é o texto introdutório da última edição deste roteiro? Do ex-ministro da Economia Augusto Mateus. Título: "Cultura, Economia Criativa, Competitividade e Coesão". Não é coincidência.

quinta-feira, setembro 27, 2007

 

SANTANA LOPES: também acho...





Também acho que Santana Lopes procedeu com acerto.


E é necessária alguma firmeza para o ter feito.


Fica aqui o post que João Pedro Henriques inseriu no blogue Glória Fácil, e com o qual estou de acordo.
Mourinho é importante, claro, regressando à pátria com os seus milhões; a oportunidade da reportagem também. Mas nunca o suficiente para que se interrompa durante tanto tempo a intervenção de um convidado e (sobretudo) de quem atentamente o pudesse estar a ouvir. Não morreria ninguém por se transmitir depois...
Vídeo do acontecido, notícia do Público e Nota da Direcção da SIC-Notícias:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1305892

segunda-feira, setembro 24, 2007

 

MANUEL M. CARRILHO

Vale a pena dar atenção a este artigo de Manuel Maria Carrilho, "A Implosão Partidária", publicado hoje no DN.

Sobretudo a questão dos "independentes" parece-me muito bem abordada

Vou deixá-lo aqui arquivado, com a devida vénia.


quarta-feira, setembro 19, 2007

 

AQUILINO RIBEIRO




Devia poder reproduzir aqui o importante discurso de António Valdemar, proferido hoje, há poucos momentos, durante a transladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional.
Infelizmente esse texto ainda não está disponível.
Tentarei incluí-lo posteriormente.
Aquilino (que ainda tive a honra e o prazer de conhecer e ouvir) sempre foi um homem de intervenção, directo, frontal, sem hesitações.
Voltou a sê-lo hoje, de novo, pela voz de António Valdemar, reclamando a ausência dos seus livros das recomendações de leitura nos programas escolares.
Ele que, apesar de tudo, estava recomendado, há 70 anos, durante o salazarismo, deixou de o ser agora durante o actual regime democrático.
Sócrates, presente na cerimónia, fez cara feia e foi o único a não aplaudir.
Espera-se que tenha ouvido, ao menos.


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quarta-feira, setembro 12, 2007

 

AINDA A BERTRAND...


Uma posição dura, agora a circular entre os blogues:

http://blogtailors.blogspot.com/2007/09/posio-da-booktailors-face-ao-caso.html

A não perder pelos editores.


terça-feira, setembro 11, 2007

 

MAIS BERTRAND...


Agora aqui, hoje, no Diário de Notícias.
A questão adensa-se, certamente com prejuízos e dificuldades para os leitores.


segunda-feira, setembro 10, 2007

 

BERTRAND EM GUERRA COM EDITORAS

O Expresso deste fim de semana (08.09.2007) publicou esta notícia na última página do seu caderno principal, concedendo ao assunto uma justificada importância:

A situação tem a sua gravidade, convenhamos, dentro de um sector com conhecidas debilidades. De modo algum se pode considerar uma "situação perfeitamente normal", como diz o responsável da Bertrand. Além disso, a lista das editoras em conflito, indicada pelo Expresso, está bastante incompleta necessitando ser acrescentada (julgo faltar, por exemplo, a editorial Presença); por outro lado, não parece sensato que uma empresa decida "estrangular" os seus principais fornecedores, num só ano, sem negociações adequadas, com uma tão significativa tentativa de aumento das suas margens. Sobretudo nesta época do ano, face ao período mais forte de lançamento das novidades editoriais. O resultado, claro, foi a suspensação de fornecimentos, a falta de livros nas livrarias, a queda de vendas mencionada pelo Expresso, uma situação de desconforto que se estendeu pelo sector.

Como se sabe, a Bertrand, com novos proprietários, integrada num novo grupo de empresas, está actualmente num processo de reorganização da sua gestão. Esperemos que, como sugere o editor Guilherme Valente, citado pelo Expresso, a empresa "afine rapidamente os seus métodos", trazendo ao sector da edição o valioso contributo e a posição impar que lhe concedem as suas 48 lojas de venda de livros.

Acompanhemos a evolução desta situação.


sexta-feira, setembro 07, 2007

 

ESCRITA EM DIA


O Francisco José Viegas não pára quieto - e a gente a correr atrás dele...
Agora decidiu suspender o seu blogue Gávea, substituindo-o pelo Escrita em dia - mantendo ainda a escrita do A Origem das Espécies em conjunto com o editor Manuel Alberto Valente.
Tenho pena da morte do Gávea, um blogue muito interessante, muito informativo sobre os autores e a produção literária brasileira, muito bem feito e escrito, vai sentir-se a sua falta.
Vou manter todos, aí ao lado, porque vale a pena acompanhá-los e conservá-los.
Quero também agradecer a EXTRATEXTO a simpática referência que me faz.

quinta-feira, setembro 06, 2007

 

LUCIANO PAVAROTTI (1935/2007)




Hoje é na verdade um dia de luto: morreu Pavarotti.

Como acontece relativamente a todos nós, havia quem não o amasse, quem se desagradasse das suas aparentes "facilidades", cantar com Sting ou com Bono, dar concertos em locais pouco apropriados ao uso do laço e da gravata, em palcos ao ar livre. Ele sempre resistiu e continuou, indiferente, com aquele sorriso enorme. Trouxe a ópera, o canto lirico e o napolitano para locais e públicos que antes os não frequentavam. Conseguiu preparar novos públicos, mostrando-lhes que valia a pena dar atenção a este tipo de música.
Até junto do mar e do sol, em alta voz, no restaurante do Gigi, como que a dar som àquela paisagem monumental.

Vou dedicar-lhe hoje o meu dia, ouvindo-o por todo o lado. Ou, quando isso não for possível, cantalorando em silêncio as suas árias.

Luciano Pavarotti - Una Furtiva Lagrima
http://youtube.com/watch?v=KxyrphGgLH4&mode=related&search=

e agora oiçam e vejam esta, com James Brown:

http://youtube.com/watch?v=VCIyzNISw1Q&mode=related&search=

terça-feira, setembro 04, 2007

 

Entrevista à revista "Noticias Magazine", 05.08.2007

Deixo aqui arquivada a entrevista a Cláudia Moura (Noticias Magazine de 05.08.2007), dado que a revista não está acessível através da net.
Extrema-unção para uma profissão em acelerada metamorfose. Em poucos meses o assédio e compra de editoras com décadas no mercado varre o mundo editorial. Os grandes grupos tragam os editores independentes e os gestores “profissionais” pontificam sobre literatura. Ainda é bom ser editor? Nelson de Matos esta sentado numa poltrona, ao colo, evidentemente um original. Arcádia, Moraes, Dom Quixote e Âmbar dá 33 anos de edição e o título de grande editor dos autores portugueses contemporâneos. A continuar…

A compra da Caminho por Paes do Amaral e prováveis despedimentos suscitou polémica. A ninguém ocorre que a editora do prémio Nobel português se veja obrigada a vender por enfrentar dificuldades financeiras.

Penso que foram problemas de gestão, de qualquer forma, enquadra-se na lógica inevitável da formação de grupos editoriais com alguma força e capacidade de intervenção, como é o caso do de Paes do Amaral, que tem comprado várias empresas, tanto quanto sei com uma estratégia ainda não clarificada.

Terá pelo menos o objectivo de concorrer com a Porto Editora, líder de mercado por causa do livro escolar.

Disse-se que a estratégia era constituir um grupo forte na área do escolar mas já se diluiu esse objectivo porque a Caminho, por exemplo, não é escolar.

O livro escolar é um negócio sazonal, talvez queiram autores fortes no resto do ano.

Não sei, mas parece-me uma estratégia ainda pouco clara.

De qualquer maneira, como se explica que a editora de um prémio Nobel aceite vender? O negócio do livro está assim tão difícil?

Continua a ser um negócio de permanente conquista de “pontinhos”. Agora é ponto quatro, depois consegue ser ponto cinco. É esperável algum desemprego na área da edição nos tempos mais próximos. Existem, que se saiba, três grandes grupos em actuação.

Está a falar de Paes do Amaral, do grupo Bertelsmann e…?

Exactamente. O grupo de Paes do Amaral que já comprou (que eu saiba…) a Texto, a ASA, a Caminho, mantendo contactos com outras; o Grupo Bertelsmann com o Círculo de Leitores, a Bertrand, a Quetzal, a Temas e Debates, tendo agregada uma cadeia de mais de 40 livrarias; e o grupo Explorer que se identifica em torno da ex-Editorial Noticias (actual Casa das Letras), a Oficina do Livro, várias livrarias, e que está também a negociar com outras editoras. Isto significa que não vai haver 10 contabilidades em cada grupo, 10 sedes, 10 departamentos de produção, etc. e que muitas pessoas serão consideradas excedentárias. É inevitável, como aconteceu com outras industrias.

Enquanto as outras editoras estão a ser tragadas pelos grandes grupos aparece notícia de que o Nelson de Matos vai avançar em nome próprio.

Parar era absurdo. Dei-lhe o meu nome porque os meus amigos e alguns autores acharam que isso tinha algum peso. Era uma forma de dizer que vou fazer uma edição com um estilo próprio, como se tivesse um autor, com assinatura, trabalhando em nichos do mercado de que os grandes grupos não se ocupam. E também sem outra ambição que não seja publicar uma meia dúzia de livros por ano.

Mas já disse que hoje é difícil a sobrevivência de uma editora independente. Está à procura de um capitalista?

Não. Pensei ir construindo a empresa à medida que o mercado me fosse desafiando.

Isso significa voltar a misturar as actividades de proprietário/gestor com a de editor literário. O antigo modelo ainda funciona?

Se eu fizer uma editora artesanal, não sinto outras responsabilidades para além das que se prendem com a minha própria capacidade de investimento. Se tiver capacidade para investir em três livros faço três livros, se não faço só dois. E estou ocupado.

Quando foi para a Âmbar havia esperança de que os autores o seguissem?

Se existiu essa esperança só podia ser da parte Ambar, que ao convidar-me esperasse que eu arrastasse alguns autores. A verdade é que os autores da Dom Quixote tinham contratos que eu próprio tinha feito, com condições e regras que não facilitavam essa mudança. E depois havia ainda a vontade, ou não, dos autores…

Sabia que não podiam sair?

São autores importantes da nossa literatura, com obras vastas, não era fácil que eu os convencesse a correr o risco de trazer essas obras para um lugar onde não existia um histórico relevante nessa área de trabalho.

Quando saiu da Moraes e levou os autores para a Dom Quixote ainda eram “principiantes”?

Não exactamente. Mas não tinham ainda o número de títulos que alguns deles hoje possuem. Há coisas que não se repetem. Há que ser realista. Aquilo que aconteceu nessa altura foi porque muitos desses autores estavam ainda no início das suas carreiras. Hoje era difícil transferir 10 títulos de cada autor, mais as contas-correntes de direitos que lhes estão agregadas. Era uma responsabilidade grande, não estando eu, como então estava, numa editora de minha propriedade.

Ao sair da Dom Quixote houve um corte abrupto. É difícil construir tudo outra vez?

Com alguns autores nunca se perde a relação construída; ainda hoje, não sendo eu já o seu editor, continuam a dar-me a ler os originais e eu continuo a comentá-los mesmo sabendo que depois irão ser publicados noutro lado. Muitos deles não entregam o livro à sua editora sem antes o discutir comigo, o que é evidentemente muito gratificante.

Explora a net à procura de novos autores, nos blogues por exemplo, ou são mais as pessoas que vêm ao seu encontro?

Ambas as situações, às vezes sou eu que os desafio.

Como fez com a Inês Pedrosa há alguns anos.

Exactamente. Eu tinha-lhe dito: “Tens que te atrever, tens que dar o passo seguinte e escrever um romance”, e ela um dia, em sua casa, sem aviso prévio, lembro-me perfeitamente que era um sábado, deu-me um lápis e disse: “Aqui está”.

Quis pô-lo a ler o original logo ali?

Isso. E eu passei a tarde a ler o livro e dali saiu “A Instrução dos Amantes”, o seu primeiro e belo romance.

Dá sempre o seu parecer? Não pensa: “Este tipo já é muito famoso, não posso estar para aqui a dar palpites”?

Dou, dou. E todos, ou quase todos, admitem comentários. Faço sugestões de trabalho, ou perguntas que os obrigam a reflectir, ou digo simplesmente: “tropecei aqui, ou ali …” mas nunca indico soluções, isso é o trabalho de cada um.

Mas é capaz de dizer: “Eu embirro com esta palavra”?

Digo que tropecei ali, faço umas cruzinhas a lápis, ao lado. Chamo-lhes a atenção e eles ou aceitam, ou não, os meus comentários. As soluções são deles. Às vezes sou um pouco mais radical e digo: “Este livro na generalidade não me agradou e acho que está longe do que já fizeste”.

Já mandou para trás um original de alguém com nome firmado?

Já, claro. Digo que o livro precisa de mais trabalho. É sempre um momento delicado, é preciso dizer palavras com cuidado e com a sensibilidade adequada. Mas um editor, mesmo quando em postura critica, está sempre do lado do seu autor, e o autor precisa dessa companhia do seu editor. Sou um leitor treinado e consigo às vezes antecipar coisas que o autor, estando tão envolvido, tem maior dificuldade.

Como gere as propostas de amigos aspirantes a escritores?

Digo-lhes que a literatura não é um trabalho de “inspirações” como dantes nos ensinavam na escola. Exige um enorme trabalho de concentração sobre as palavras, exige que se façam muitas versões. Às vezes digo que o livro tem algumas qualidades mas que está longe de ter condições para ser publicado. A maior parte acaba por desistir, não vão para a frente porque não têm condições para escrever duas ou três versões de um mesmo texto, não têm paciência. Mas às vezes sou mal sucedido, digo isto a um escritor e ele vai e publica o livro noutra editora.

Como aconteceu com a Margarida Rebelo Pinto.

Mais ou menos. É uma história antiga. Li o livro da Margarida, disse-lhe que tinha muitas qualidades mas assinalei-lhe que o original precisava de mais algum trabalho. Ela não julgou assim, quis publicar o livro imediatamente, teve grande sucesso, ainda bem.

Qual é a grande frustração da sua história como editor? Ter perdido o Saramago?

O que me dói não é ter perdido o Saramago, isso é normal no trabalho de um editor, mas o facto de ele contar sempre mal essa história. Publiquei livros do José Saramago, na Moraes, numa altura em que ele não era ainda um autor de culto, antes pelo contrário, ninguém o lia. Um dia apareceu-me com o Levantado do Chão e eu disse-lhe que não tinha condições financeiras para o continuar a publicar. Tinha o armazém cheio dos seus livros anteriores, que não se vendiam, e a Moraes estava em péssima situação financeira. Mas nada disto tinha a ver com o texto ou sobretudo com ele. O Saramago terá imaginado depois que eu tinha sido pressionado politicamente para não o publicar, uma confusão desagradável. Se há coisa a que nunca cedi na minha vida, e já o provei em diversas circunstâncias, foi a pressões - politicas ou outras. Não tive sequer medo de passar alguns meses com as persianas desta casa permanentemente fechadas, quando aceitei publicar os Versículos Satânicos do Salman Rushdie.

Quais foram as pressões?

Recebi ameaças de morte, telefonemas, faxes, mensagens anónimas, não podia saber se eram falsas ou não. Estive seis meses de polícia à porta na editora. E publiquei também o livro de Rui Mateus, muito crítico para o Presidente da República em exercício naquela altura. Ou um livro sobre Camarate que também não foi fácil. Mostrei por várias vezes que se há coisas que não permito são pressões sobre o meu trabalho, ou sobre a independência das minhas decisões.

Hoje tem um “pendente” com dois grandes nomes da literatura portuguesa, o Saramago e o Lobo Antunes.

Não, de todo. Tenho todo o respeito pelo Saramago, gosto dele como escritor e cumprimento-o sempre que o encontro. Temos uma relação cordial, sempre evitámos abordar pessoalmente esta questão. Com o António Lobo Antunes não tenho nenhuma questão pendente. Saí da Dom Quixote em circunstâncias desagradáveis e que foram públicas na altura, o António Lobo Antunes decidiu nunca me telefonar, nunca mais até hoje me contactou. Não tenho nada “pendente”, nem com um nem com o outro.

Foi afastado da Dom Quixote ao fim de 23 anos e apenas dois anos e pouco depois saiu também da Âmbar.

Quando vendi a Dom Quixote ao Grupo Planeta, vieram dois gestores espanhóis com quem reparti a gestão e as coisas correram optimamente durante 4 anos. Um dia, como me foi dito, o Grupo Planeta decidiu “nacionalizar” a gestão, entregando-a a um senhor que veio recrutado da Gilette. Este senhor chegou à Dom Quixote e não fez por menos: pretendeu desde logo ocupar o meu lugar. Achou certamente: “Então eu venho para aqui como gerente mas quem dá nas vistas, quem escolhe os livros, quem se relaciona com os autores, quem dá entrevistas, é ele?!”. Fez guerra, dificultou-me a vida, acabou por perder, não sem antes destruir completamente uma equipa de trabalho que eu havia formado e uma empresa que estava a funcionar com o sucesso que é conhecido.

E a Âmbar? Há um certo silêncio sobre o assunto.

A Âmbar não tinha tido antes muita sorte na sua área editorial, tinha um catálogo frágil, muito desarrumado e tinha pessoas desanimadas e desorientadas por falta de uma estratégia consistente. Gosto de dizer que lhes deixei a casa arrumada. Fiz-lhes um catálogo, pus de lado o que não prestava, criei linhas de trabalho para futuro e colecções novas. A estrutura comercial era frágil, feita pelos seus próprios meios, deixei-os nas mãos de uma conceituada distribuidora profissional, e alterei de modo sensível o seu posicionamento junto do mercado e da comunicação social. Mostrei-lhes um caminho. Faltou-lhes paciência para insistir e aguardar os resultados.

Os gestores estão a matar os editores?

Quando não sabem respeitar a especificidade do trabalho dos editores.


É pior um gestor da actualidade do que aquele administrador que reunia com um revólver em cima da mesa?

(Grandes risos) Se esse homem ainda existe deve rir-se quando se repete essa história. Estamos a falar de 1975, do chamado Verão Quente, o jornal O Século, que era proprietário da Moraes e era controlado pelo MRPP, nomeou um dos seus trabalhadores, afecto a esse partido, para co-gestor da Moraes. Aparecia-me às quintas-feiras para a chamada reunião da administração. Abria uma daquelas bolsas que então se chamavam mariconeras, tirava um revólver, punha-o sonoramente em cima da mesa, fazia-o rodar, ia brincado com aquilo e dizia: “Ora mostre lá que livros vai publicar no próximo mês”...

É obviamente forçada a comparação mas a situação em que um editor se vê agora é também de uma grande tensão.

A estrutura das empresas editoriais vai sofrer correcções, ainda não aconteceu com muita força mas vai acontecer a partir de agora. As empresas em que o editor está no centro das decisões, que são empresas familiares na maior parte dos casos, em que tudo o que se faz é feito através da paixão e do respeito pelos livros...

Já não podem existir?

Existe a lógica dos grupos editoriais que nomeiam para a gestão outro tipo de pessoas. O lugar do editor ficou subalternizado. Chegando ao final do ano, ou a empresa apresenta os resultados esperados ou, se os não tem, é porque eu não sou certamente o editor adequado e terei de ser substituido. Passou a existir uma enorme rotatividade dos editores com uma enorme descaracterização dos respectivos projectos editoriais. Um editor hoje pode durar três anos ou quatro meses. As empresas querem resultados imediatos. São impacientes. Isso leva também a que o grau de exigência das escolhas editoriais diminua, ao nível do grande regozijo quando se apanha um livro como o de Carolina Salgado.

Mas o Nelson de Matos não é um Velho do Restelo que se posiciona contra a lógica dos grandes grupos. Como se equilibram as coisas?

Equilibrando-as. Gerindo-as delicadamente, respeitando os leitores e autores exigentes com quem vivemos estes anos todos; aceitando, por outro lado, a entrada no mercado de leitores e escritores menos exigentes, mais populares, e concedendo-lhes o espaço a que têm direito. O livro tem obrigação de competir com todas as outras formas de ocupação dos tempos livres. Temos de saber explicar às pessoas que ler é uma experiência fundamental.

Como é que o editor “com assinatura” pode não ser engolido por este mercado?

Deve continuar a fazer o seu trabalho mas abrir-se a outras experiências dirigidas aos vários segmentos de mercado. Porque em muitos casos, por exemplo, hoje já nem temos livrarias mas “Centrais de Compra”, com jovens técnicos cuja experiência livreira se foi consolidando com o Harry Potter, o Paulo Coelho, o Dan Brown e todos esses best sellers. Se lhes apresentamos um livro de José Cardoso Pires, por exemplo, são capazes de dizer: “Dê-me trinta para eu espalhar aí pelas lojas”, trinta para todas as lojas, claro! Temos de lidar com estes fenómenos novos, temos que ser capazes de funcionar nas duas vertentes.

Os editores estão em fuga para a frente, publicam compulsivamente verdadeiros nados-mortos só para manterem alguma visibilidade.

É verdade, hoje publicam-se mais de mil títulos novos por mês….

Parece que há uma batalha entre editores e livreiros. As livrarias só pagam a 120 dias, exigem do editor percentagens cada vez maiores e muitos editores estão excluídos das cadeias de venda porque não fazem livros de grandes públicos.

E têm que pagar o espaço de exposição. O livro está como o iogurte, tem um prazo de validade cada vez menor e tem de ser substituído com maior rapidez. Ao fim de uma semana ou vendeu ou vai para trás. A taxa de mortalidade dos livros novos é elevadíssima. A solução passa pela constituição de grupos e pelo aumento da força negocial dos editores e distribuidores. É por isso que digo que nem tudo é mau, quando falo dos grupos.

Do que depende hoje o sucesso de um livro? Do montante investido em estratégias de comunicação?

É. Quando se consegue boa comunicação são os leitores que pressionam para que o mercado funcione sob a pressão da procura.

Pode ter uma obra superior que não se vende porque o editor não investiu na comunicação?

Ou se consegue visibilidade ou não existe. Não se dá por ela no meio do ruído e da confusão existente…

As montras podem ser compradas. E os tops dos livros? Os números de vendas para entrar no top são diferentes em cada ponto de venda.

Não me atrevo a dizer que são comprados mas são pelo menos pouco rigorosos. Num hipermercado preciso de vender muito mais do que numa Bertrand para chegar ao top. Há situações equívocas como as livrarias que pertencem a editoras ou os jornais que estão ligados a editoras e a livrarias. Há uma certa promiscuidade. Devia existir uma entidade isenta, como se faz, ou fazia, com os discos. Eu já tive nos tops um livro de Mário Cláudio que ainda não tinha sido publicado.

A feira internacional de Frankfurt exemplifica o estado do mercado. Há livros que ainda nem sequer estão escritos e cujos direitos se vendem em leilão a preços astronómicos.

No passado, o adiantamento que se pagava no momento da assinatura do contrato era uma parcela dos direitos totais que o autor haveria de receber em função das vendas. Actualmente temos que fazer como as equipas de futebol, paga-se X milhões pelo jogador e depois vamos ver se ele não fica doente, se ele funciona, se tem os ossos todos inteiros, etc.. Aqui é a mesma coisa, paga-se por um autor um valor que às vezes não corresponde a coisa nenhuma a não ser à aquisição daquele nome para o meu catálogo.

Quer dizer que pode ser um fiasco, que pode nem sequer haver retorno nas vendas?

Em certas circunstâncias, as empresas comportam-se como se não pudessem prescindir daquele título, porque me trás imprensa, notoriedade, outros autores, ou para que não seja a concorrência a publicá-lo.

Ainda há encantamento na profissão de editor?

Acho que sim. Pelo menos eu ainda o sinto. Fiz grandes e saudosos amigos nesta área de trabalho, aprendi nela tudo, ou quase tudo, o que sei da vida, tive a honra e o prazer de editar alguns dos mais importantes escritores do meu país, continuo a trabalhar com a mesma emoção. As dificuldades actuais apenas significam que o mundo também mudou para a edição, temos que nos habituar às mudanças, aceitando umas, contrariando outras.

Lembra-se de repente de algum desses amigos?

Lembro-me imediatamente do Zé Cardoso Pires que acompanhou os meus 30 anos de trabalho na edição. É uma pessoa de quem sinto permanentemente a falta. Muitas vezes penso: “O que é que o Zé diria disto, o que é que faria?”, porque estava habituado a ouvi-lo reagir, sempre. Lembro-me também muito do José Gomes Ferreira. Ia ter comigo à Moraes e depois descíamos o Chiado de braço dado com as pessoas a cumprimentá-lo e ele a perguntar: “Quem é? Quem é?” E eu a dizer: “As pessoas cumprimentam-no porque conhecem os seus poemas, Zé Gomes…”. Depois chegávamos ao metro, levava meia hora para tirar do bolso uma nota de 20 escudos dobrada em quatro: “…que a Rosalia me deu antes de sair de casa…”. Nunca soube lidar com dinheiro. Mas é certamente por eles serem pessoas diferentes que conseguem escrever o que escreveram…

Uma vez disse que era um poeta frustrado. Também se sente frustrado por ajudar a construir o sucesso dos outros tendo hipotecado o seu lado de escritor?

Eu disse isso? Não me lembro. Deixei de escrever literatura e de fazer critica literária quando vim para a edição. Há muitos casos de editores a quem isso aconteceu. Passava o dia a ler e a conviver com escritores. Depois do trabalho que fazia sobre os seus textos era impossível chegar a casa e escrever os meus. Se outros o fazem melhor do que eu... Não tenho nenhum ciúme ou frustração, não é isso. Fiquei bloqueado como escritor embora continue a sentir, às vezes, saudade de escrever. Mas fico feliz com as obras dos outros. Provocam-me emoção, alegria, não inveja. Às vezes apetece-me escrever mas depois lembro-me do que eu próprio lhes digo, que não se é escritor um dia, ou de vez em quando, tem de se escrever a vida toda.

Sente uma grande emoção ao descobrir um novo livro ou autor para publicar?

Estou a ver ali em cima da mesa o último romance de Luandino Vieira, que já não publicava há alguns anos. Tantos anos de silêncio e depois escreveu aquela coisinha pequena, que está ali em cima da mesa. Fui comprá-lo numa atitude desplicente. Quando abri o livro e li o primeiro parágrafo vieram-me as lágrimas aos olhos. Não porque ele relatasse uma história comovente, apenas porque é tão belo que me comoveu. É de uma beleza dolorosa. Demorou vinte anos a trabalhar aquela escrita, aquelas palavras inventadas.

Avalia os livros à primeira página?

É muito irregular. Às vezes na primeira linha conhece-se um escritor, outras vezes o título é suficiente. Aquele que estou a ler agora perturbou-me um bocado porque não gostei, não engrenei. Levei trinta páginas a pensar que o autor estava a derrapar e de repente o livro abriu e foi por ali fora. Vou dizer-lhe: “Agarra nas trinta primeiras páginas e escreve-as outra vez”.

Se fosse de um desconhecido não tinha chegado à página 30?

Talvez não. Nós vivemos num mundo de cor, de luz, de música, de sons, de movimento. Quando se pega num livro ou ele nos conta uma história que agarrra o leitor desde as primeiras linhas ou, não sendo a história, o que é que o livro tem para nos prender? A beleza da sua narração, a novidade da sua escrita. Alguma coisa tem que nos agarrar. Ou o que nos é contado ou a forma como nos é dito. Se um escritor desprezou as duas coisas e nunca mais avança nem recua na história e usa uma linguagem vulgar e descuidada, pagamos-lhe na mesma moeda: pomos o livro de lado.

Sofreu a morte do seu filho pequeno, perdeu a sua editora, sobreviveu a dois cancros e até a um grande desastre de comboio…

É verdade, foi um acidente muito sério, salvei-me porque sujei as mãos com o jornal que ia a ler, quando vinha a Lisboa fazer exames, e fui lavar as mãos à casa de banho. Era a primeira carruagem de um comboio rápido, quando consegui sair ileso da casa de banho é que vi os feridos e mortos à minha volta.

Entre perdas e ganhos, qual a atitude que tem aos sessenta e dois anos, outra vez a preparar-se para recomeçar?

Consigo dominar essas marcas, sou um homem tranquilo. Embora às vezes algo frenético. Também acho que devo estar a ficar mais chato, porque me apanho mais vezes a contar histórias.

E não vai escrevê-las?

Isso dá muito trabalho. Mas é verdade que os editores portugueses fazem pouco isso, escrever as suas memórias. Lá fora, ao contrário, faz-se muito. Convivemos com tantas pessoas especiais... é pena que isso se perca.
Cláudia Moura

quinta-feira, agosto 30, 2007

 

REGRESSO

Finalmente consegui solucionar o que me impedia de ter acesso à gestão deste blogue.

Embora continue sem saber o que na realidade aconteceu.

Inexperiência minha ou caprichos da informática…

Certamente a primeira.

Vou tentar ir regressando, de vez em quando, sempre que encontrar apetência e disponibilidade.


terça-feira, janeiro 23, 2007

 

MAIS UM TEXTO OPORTUNO DE ANDRÉ SCHIFFRIN

L'agent, l'éditeur et la dictature des "big books"

LE MONDE DES LIVRES 18.01.07

Au cours des derniers mois, la presse française s'est particulièrement intéressée au rôle des agents littéraires. Tout d'abord lorsqu'il s'est trouvé qu'un agent avait été partie prenante dans la négociation de l'à-valoir considérable versé par Hachette à Michel Houellebecq (celui-ci est censé avoir touché environ 1 million d'euros pour La Possibilité d'une île publié chez Fayard en 2005, NDLR). Ensuite, dans la discussion avec Gallimard à propos du livre de Jonathan Littell. Aussi l'entretien accordé par Andrew Wylie au "Monde des livres" (6 octobre 2006) aurait-il pu être utile. Il offre certainement une description flatteuse de l'image que ce dernier voudrait donner de lui-même. Hélas, je ne pense pas que qui que ce soit dans l'édition new-yorkaise puisse croire un seul instant à cette autoglorification.
Dans les dernières décennies, il y a eu d'excellents agents littéraires à New York. Des agents qui ont simultanément aidé les auteurs et les éditeurs à préserver les liens qui les unissent. Les éditeurs acceptaient de publier chaque nouvel ouvrage d'un auteur quelles que soient ses ventes potentielles. De leur côté, les auteurs et leurs agents acceptaient des à-valoir justifiés par ces ventes.
Le contrôle croissant des conglomérats sur l'édition a conduit nombre d'agents à changer leur manière de travailler. Notamment en mettant en avant cet argument : si les très gros éditeurs étaient d'abord intéressés par le profit, pourquoi les auteurs ne le seraient-ils pas ? Fi des vieilles formes de loyauté : les droits de chaque ouvrage devaient être offerts à qui en proposerait le meilleur prix. Résultat : un petit nombre d'auteurs se sont vu offrir des à-valoir de plus en plus élevés - des sommes qui souvent n'étaient pas couvertes par les ventes. Andrew Wylie a contribué à ce processus en amenant des auteurs littéraires comme Philip Roth - l'homme a en effet très bon goût, cela personne ne le nie - à quitter leur éditeur de toujours pour rejoindre le plus offrant.
La conséquence de cette façon d'agir a été extrêmement préjudiciable à la fois aux éditeurs et aux auteurs. La polarisation qui existait déjà entre les best-sellers et les autres titres s'est considérablement accrue. Toutes les grosses maisons se sont mises à dépendre des quelques livres qu'elles étaient susceptibles, sinon forcées, de surpayer. Ce qui signifie que leurs budgets se sont considérablement réduits ou du moins qu'il leur reste très peu d'argent pour tous les bons livres qui ne deviendront pas forcément des best-sellers. Les librairies croulent sous les livres achetés à grands frais au détriment des autres - même si, comme le souligne Wylie lui-même, une énorme avance ne garantit pas forcément un succès commercial. Les éditeurs les plus cyniques n'hésitent pas à laisser tomber un titre cher qui ne remplit pas ses promesses. Même les auteurs dont le succès n'est pas tout à fait à la hauteur de l'avance accordée deviennent soudain moins attrayants aux yeux des éditeurs, ce qui n'aurait pas été le cas si leurs exigences de départ avaient été moindres. Quant aux agents, eux aussi ont fini par se focaliser sur les "big books", montrant beaucoup moins d'intérêt pour les livres plus modestes et de qualité. Il est beaucoup plus facile de décider que le prochain Philip Roth vaudra très cher que d'essayer de découvrir ses successeurs potentiels. Et nombre d'éditeurs new-yorkais ont vu Andrew Wylie "débaucher" des auteurs en leur faisant miroiter de plus gros à-valoir mais qui n'ont pas eu d'impact sur le volume de leurs ventes.
L'exemple de Michel Houellebecq montre que cette manière de travailler gagne la France, même si, heureusement, il y a encore peu d'agents en France et moins encore d'agents souhaitant suivre la voie de Wylie. En l'occurrence, Hachette, le plus gros enchérisseur, a consenti une avance exceptionnellement élevée selon les standards français. L'acquisition des droits a été annoncée par Arnaud Lagardère lui-même et non par l'éditeur de Houellebecq. Comme on pouvait s'y attendre, les attentes, qui étaient fortes, furent déçues. L'auteur, qui est passé d'un éditeur à un autre, a certainement ressenti cette déception. Et désormais, si le modèle américain continue à s'appliquer, chacun de ses nouveaux livres devra être remis en jeu auprès de la collectivité des éditeurs, le problème étant que le nombre d'enchérisseurs potentiels est bien moindre à Paris qu'à New York.
Cela ne veut pas dire que les agents ne puissent pas utilement défendre les droits de leurs clients. Un agent "classique" comme Georges Borchardt - qui a représenté à New York un grand nombre de très bons auteurs français - se prévaut moins des avances obtenues que des ventes réalisées. Un exemple : à l'origine, une seule maison était preneuse de La Nuit d'Elie Wiesel, qui s'est vendu quelques centaines de dollars seulement. Aujourd'hui - et grâce notamment à son passage dans l'émission télévisée d'Oprah Winfrey - le livre a dépassé le million d'exemplaires vendus.
La controverse autour du contrat de Jonathan Littell montre également que les agents ont souvent tendance à se réserver les droits étrangers d'un auteur - et cela bien que, en Amérique comme en Angleterre, un éditeur ne touche que 20 % à 25 % sur une cession de droits à l'étranger, contre 50 % environ en France. L'avenir dira si les éditeurs français pourront continuer indéfiniment à prélever une part aussi disproportionnée sur les revenus des droits étrangers de leurs auteurs.
Globalement, en France comme aux Etats-Unis, les éditeurs affrontent les mêmes problèmes - des problèmes aggravés dans les deux pays par l'accent mis sur les best-sellers, avec comme conséquence les contraintes pesant sur les livres moins médiatisés et souvent plus intéressants. Comme j'ai tenté de le montrer dans Le Contrôle de la parole, les mutations du monde de l'édition sont encore amplifiées au niveau de la vente : les grandes surfaces, souvent encouragées par les éditeurs eux-mêmes, y réalisent l'essentiel de leur chiffre d'affaires avec un petit nombre de best-sellers. En Amérique, où la loi Lang n'existe pas, la part de marché des librairies indépendantes n'est plus aujourd'hui que de 18 % à 19 %.
Ces déséquilibres seraient encore accentués si tous les Wylie du monde étaient amenés à jouer en France un rôle important. Réjouissons-nous cependant : pour l'instant du moins, cette difficulté supplémentaire ne semble pas clairement à l'ordre du jour.

André Schiffrin
est l'auteur de L'Edition sans éditeurs (La Fabrique, 1999) et Le Contrôle de la parole (La Fabrique, 2005). Son prochain ouvrage, Paris/New York, Aller/Retour paraîtra au printemps aux éditions Liana Levi.

domingo, janeiro 21, 2007

 

FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO





Este blogue parece ter caído nas notícias necrológicas.
Cesariny, Ray-Güde, agora Fiama.
Mas não se pode deixar de recordá-los.
Sobre Fiama, deixei em "A Leitura e a Crítica" um pequeno texto que ainda recordo com agrado. Hoje, o DN publica uma foto onde estamos os dois. Durante os trabalhos do primeiro Congresso dos Escritores Portugueses, em 1975. "(Este) Rosto", continua a ser para mim um dos seus livros mais fascinantes.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

 

FALECEU RAY-GÜDE MERTIN (1943-2007)





É um momento muito triste para os Editores, seus amigos, e para os Autores que ela representava: faleceu Ray-Güde Mertin, ao fim de uma resistência e de uma batalha de alguns anos.
É uma perda irreparável para os escritores de língua portuguesa, em Portugal, Brasil, Africa; assim como para os de língua castelhana, espanhóis e da América do Sul.
Dedicou a sua vida à tradução e divulgação das literaturas e dos autores que se expressam nessas línguas. Deu-lhes também a sua amizade. Abria-lhes a porta de casa, repartia com eles a sua força.
Agente de Saramago, Lídia Jorge, João Ubaldo Ribeiro, Luis Fernando Veríssimo, Pepetela, Mia Couto, Agualusa, Tabajara, Raduan Nassar, tantos outros.

Para que a lembrássemos, sempre, Portugal bem podia fazer como o Brasil: conceder-lhe uma Ordem de Mérito Cultural que respeitasse o muito que nos deu.

Outras referências:

http://www.origemdasespecies.blogspot.com/

http://extratexto.weblog.com.pt/


domingo, dezembro 24, 2006

 

NATAL


Creio que será admissível deixar hoje, AQUI, esta mensagem.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

 

2º. CONGRESSO DE EDITORES


A UEP acaba de disponibilizar, aqui, o acesso a todas as Comunicações lidas no Congresso. Para que se faça um balanço e se possa reflectir sobre algumas.


domingo, novembro 26, 2006

 

MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS

(1923-2006)
Pode ser que, finalmente, o meu amigo e seu editor Manuel Rosa se decida a concretizar o que lhe sugeri há já alguns anos: a publicação integral, num só volume, de todos os seus poemas. Como foi feito já com outros poetas. Não apenas como a homenagem que ele merece, mas porque é urgente que tenhamos uma ideia correcta sobre a dimensão do grande poeta que ele foi.